domingo, 2 de outubro de 2011

Corra, Lola, Corra


Eis mais um filme inovador que tive oportunidade de assistir em algum lugar do passado e guardo juntamente com a coleção dos que considero exóticos e agora me lembrei de revisitar. É um três em um de origem alemã nada convencional, fugindo aos moldes acadêmicos desde a confecção do roteiro, passando pelos truques de montagens, a escolha da música techno ao ritmo de videogame e outras linguagens narrativas se mesclando para compor todo o cenário unindo animação, televisão, fotografia e vídeo tornando assim, a obra única e esteticamente pós-moderno.

A história é literalmente como diz o título: a personagem Lola interpretada pela atriz Franka Potente corre os 81 minutos de duração do filme.

Abro parênteses aqui para agradecer ao diretor pelo belo exercício de criatividade dando-me um estalo, ajudando nas atividades acadêmicas com meus alunos nas aulas de produção de texto, fez-me utilizar o filme várias vezes como material paradidático para compor o pré-texto em uma das séries do ensino médio a fim de inspirá-los a criar e desenvolver outras histórias a partir de frases ou pequenos dados como modelo.

O roteiro de Corra, Lola, Corra remete-nos aos gostos individuais, momentos de dúvidas existenciais nas escolhas pessoais quando bate aquela indecisão do “E agora, o que fazer? Que caminho escolher? Que rumo tomar? Para onde correr? O medo e desespero de não acertar na escolha e depois se arrepender. Lola tinha três alternativas e vinte minutos para decidir que caminho seguir.
Em uma narrativa diferente e contagiante, o diretor brinca com situações e casualidades de pessoas comuns, mostrando fatos e situações corriqueiras de pessoas e lugares por onde Lola passa e o dia-a-dia como se tivessem acontecido ou não, variando pelas histórias. A cada vez, pequenas diferenças alteram por completo o destino de todos os que cruzam o caminho da moça. Achei genial essa de contar a mesma história de três formas diferentes. É preciso muito fôlego e correr contra o tempo para se encaixar nos objetivos propostos.

Lola é uma garota estilosa, moderna, punk do corte de cabelo ao tom da cor escolhida; despojada no seu modo de vestir exclusivo, ditando sua própria moda deixando a barriga e a alça do sutiã à mostra, e corre demasiadamente, exaustivamente, alucinadamente uma maratona sem descanso para recuperar seu fôlego pelas ruas, calçadas e avenidas sempre procurando desviar dos obstáculos. Lola é Potente!

Essa corrida maluca da protagonista contra o tempo tem uma explicação surrealista de ser. Lola todos os dias vai ao encontro de Manni, seu namorado, buscá-lo no trabalho ao final do expediente. Mas exatamente nesse dia, ela não pode ir, e ele então resolve pegar o metrô carregando uma sacola com uma grande quantia de dinheiro, equivalente a 100 mil marcos. Esse dinheiro, na verdade, pertence a um grupo de mafiosos que resolveu deixar com Manni a fim de testar a sua confiança, e que, para sua sorte, se distraiu e acabou esquecendo a bolsa dentro do metrô e quem achou foi um mendigo. Manni protagonizado por Moritz Bleibtreu caindo em si, viu que estava sem o dinheiro, ficou muito preocupado e desesperado e só tinha vinte minutos para recuperar esse valor perdido. Atordoado, liga para Lola, sua namorada, que começa a incansável corrida pelas ruas de sua cidade para tentar levantar essa quantia com alguém e assim ajudar o amado a não ter que acertar as contas com a gangue que o faria pagar com sua própria vida.
E essa história é contada três vezes. Lola e Manni têm chance de sair dessa com final feliz. A possibilidade de ver a mesma história com três finais diferentes é simplesmente formidável! E por isso considero esta obra um dos novos clássicos do Cinema. Sem dúvida, genial!

E se você ainda não teve oportunidade de assistir, sugiro que CORRA para descobrir qual o melhor final para o casal e qual seria o seu preferido. Divirta-se!
Karenina Rostov

Sinopse

Manni (Moritz Bleibtreu), o coletor de uma quadrilha de contrabandistas, esquece no metrô uma sacola com 100.000 marcos. Ele só tem 20 minutos para recuperar o dinheiro ou irá confrontar a ira do seu chefe, Ronnie, um perigoso criminoso. Desesperado, Ronni telefona para Lola (Franka Potente), sua namorada, que vê como única solução pedir ajuda para seu pai (Herbert Knaup), que é presidente de um banco. Assim, Lola corre através das ruas de Berlim, sendo apresentados três possíveis finais da louca corrida de Lola para salvar o namorado.

Corra, Lola, Corra

Título Original: Lola Rennt
País de Origem: Alemanha
Ano: 1998
Duração: 81 minutos
Diretor: Tom Tickwer
Elenco: Franka Potente, Moritz Bleibreu, Herbert Knaup, Armin Rohde, Joacim Krol, Nina Petri

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