sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Retorno

O RETORNO

O título de uma produção artística, seja uma novela, um conto, um romance, um filme, geralmente, nos dá uma vaga idéia do que se trata a obra.

Foi o que pensei quando assisti ao primeiro filme do diretor russo Andrey Zvyagintsev: O RETORNO. A verdade é que nem sempre é possível, simples e fácil assim de se entender.

O Retorno é um deles; é uma caixinha de surpresas. É uma obra complexa. Chega o momento que a sessão de 105 minutos acaba, porém, a história em nossas mentes e entranhas, apenas começa. Começa e não termina ... não termina bem. E alguém acrescentaria: “Você faz o final da história, você decide”.

A primeira leitura que se pode fazer da obra O RETORNO é de um pai ausente, que abandona o lar - esposa e dois filhos. E doze anos depois retorna como se nada tivesse acontecido, como se tivesse apenas ido à padaria comprar cigarros. No mesmo dia de sua chegada, ele toma banho, faz sexo com a esposa, dorme, se levanta e ceia com os seus como se tudo fosse a rotina de familiar.

Que mistério é esse? Por onde andou esse ser que chega do nada, sem nenhuma explicação e retoma esse rumo de sua vida? A partir daí começa todo questionamento possível dessa história sem fim. O que aconteceu? Por onde ele andou? E como a família viveu esse tempo todo de seu sumiço, ou desaparecimento sem uma explicação plausível para esse fato insólito?

Os filhos agora adolescentes têm as mesmas dúvidas do expectador. “Será mesmo o nosso Pai?” Um dos filhos recorre ao álbum de família para tentar reconhecer essa pessoa que certamente nem se lembravam mais que um dia tiveram um. Como reconhecer o desconhecido? Mistério...

Na história de Homero, A ODISSÉIA, Penélope não reconheceu Odisseu (Ulisses), com quem dormiu uma vida inteira e teve com ele um filho, o ajuizado Telêmaco. A comprovação só veio por detalhes que ele a fez lembrar. Teve que provar que ele era ELE. Duas delas são: a cicatriz que ele tinha na perna causada pela mordida de um javali; a outra é a da cama do casal que fora construída do tronco de uma árvore.

E em O RETORNO? São tantos os questionamentos: um pai misterioso, desaparecido, estaria morto, ou fora seqüestrado? Por onde ele andou, o que fez, por que voltou? Teria outra família?

O filho mais novo cheio de medos e angústias; na presença do pai, aquele que amargurado e rancoroso é capaz de enfrentá-lo; o mais velho demonstra valentia e esperteza; na presença paternal, amável e submisso.

A novidade é que a figura paterna ausente, aquele que na família deveria dar segurança e proteção desaparecido por mais de uma década chegando em um carro simbolicamente vermelho, com autoridade de quem esteve acompanhando todos os momentos e fases de crescimento físico e emocional dos que mais lhes são caros, e que deveria prezar, ordena-lhes que na manhã seguinte madruguem para um passeio de carro e pescaria. Um passeio e tanto. Uma história marcante, recheada de belas imagens poucos diálogos que fatos e ações falam por si. Belas imagens registradas também pela máquina fotográfica de um dos filhos.

E contar o filme seria estragar todas as surpresas que ele apresenta. Um formidável argumento para se ficar horas, dias contando e recontando-a, talvez na tentativa de desvendar alguns de muitos mistérios nele apresentados.

Como se ausentar durante um longo período e não perceber mudanças e transformações que o ser humano querendo ou não passa? Dois filhos do mesmo sangue, com personalidades tão diferentes.

São muitos os retornos, e fazer uma viagem pelas estradas da vida é uma tentativa de reencontrar e reconciliar um passado quase esquecido, talvez adormecido ou arquivado na memória de um povo, de uma família, e desenterrá-lo na ilha da fantasia, salvar o tesouro perdido, atar os elos perdidos, compartilhar com os entes queridos, recomeçar uma nova vida às vezes não é fácil ou possível.

Nem sempre se consegue salvar a caixinha de pandora e desvendar o seu conteúdo. Talvez seria mais cômodo deixá-lo no fundo do lago como se ela nunca tivesse existido.

Um filme sensível, formidável e apaixonante...uma caixinha de belas e poéticas surpresas.


O RETORNO

Vozvrashcheniye,
Rússia, 2003.
Direção: Andrey Zvyagintsev.
Roteiro: Vladimir Moiseyenko e Aleksandr Novototsky.
Elenco: Vladimir Garin, Ivan Dobronravov, Konstantin Lavronenko, Natalya Vdovina e Galina Petrova.
Fotografia: Mikhail Krichman.
Montagem: Vladimir Mogilevsky.
Direção de Arte: Zhanna Pakhomova.
Música: Andrei Dergachyov.
Figurinos: Anna Barthuly.
Produção: Dmitri Lesnevsky.











domingo, 21 de dezembro de 2008

Que diretor você gostaria de homenagear?

ALFRED HITCHCOCK


Amo esse diretor, entre tantos outros, Alfred Hitchcock, um nome sempre lembrado em rodas de cinéfilos, tem uma legião de fãs pelo mundo, mesmo depois de sua morte em 1980. Ao contrário do que muitos admiradores do “Mestre do Suspense” possam pensar, o cineasta inglês, que chegou em Hollywood em 39 a convite do David O . Selznick, nunca ganhou o Oscar. Indicado Cinco vezes, Hitchcock construiu verdadeiras obras-primas, hoje copiadas por diversos diretores, mas só recebeu o Prêmio Irving Thalberg (em 68) pelo conjunto de sua obra. Suas indicações:


ANO 1940 Rebecca, a Mulher inesquecível PERDEU PARA John Ford – Vinhas da Ira


ANO 1943 Um Barco e Nove Destinos PERDEU PARA Leo McCarey – O Bom Pastor


ANO 1945 Quando Fala o coração PERDEU PARA Billy Wilder – Farrapo Humano


ANO 1954 Janela Indiscreta PERDEU PARA Elia Kazan – Sindicato de Ladrões


ANO 1960 Psicose PERDEU PARA Billy Wilder – Se Meu Apartamento Falasse


Independente do Oscar, ou outros prêmios, gostaria de homenageá-lo por todas as suas obras, adoro os seus filmes, principalmente Festim Diabólico, Um Corpo que Cai, Disque M para Matar, Psicose, Frenesi.


Festim Diabólico foi o primeiro filme colorido do diretor Alfred Hitchcock.

- O filme foi todo realizado em tomadas de 10 minutos e editado de tal forma que se tem a impressão que não houveram cortes durante as filmagens.

- Em Festim Diabólico, ao invés de Hitchcock aparecer numa ponta, como em vários outros filmes dirigidos por ele, surge aos 55 minutos apenas seu logotipo em um letreiro de néon, que pode ser visto através da janela do apartamento onde ocorre toda a ação.

- A estória de Festim Diabólico foi inspirada no caso Leopold-Loeb, dois estudantes da Universidade de Chicago que cometeram um assassinato de forma bem parecida com a mostrada no filme.

- Festim Diabólico esteve inacessível ao público em geral durante décadas. Isto porque Hitchcock comprou de volta os direitos de 5 de seus filmes e os deixou de legado para sua filha.

Estes filmes receberam o apelido de "os 5 filmes perdidos de Hitchcock" e apenas estiveram novamente ao alcance do público em 1984, quando foram relançados nos cinemas, com uma distância de quase 40 anos desde seu primeiro lançamento. Os demais filmes do pacote eram Janela Indiscreta (1954), O Homem Que Sabia Demais (1956), Um Corpo Que Cai (1958) e O Terceiro Tiro (1955).

domingo, 14 de dezembro de 2008

Tim, tim!



MENSAGEM

O que se acresce a um ano, a uma década que começa a despontar no horizonte? Talvez a intensidade de desejar...

2009 não será 2008, como também 2007... mas sonhos... ah... sempre os sonhos, se renovando circulando o nosso viver. Não é preciso a fração final de segundos. Não é preciso a meia noite exata dos fins de ano de nossas vidas para que tenhamos mentes em divagações e infindáveis desejos...

Queremos, exigimos, sonhamos, choramos, nos sucumbimos à ansiedade, clamamos por um mundo melhor, porém, pouco produzimos. Talvez o ato de pedir tenha separado o produzir; talvez o mínimo que se pode fazer tenha tornado dispensável ou quem sabe o Homem não tenha descoberto a si mesmo, as suas potencialidades enevoadas pela ambição de ter; talvez, ele não tenha por um instante refletido sobre a possibilidade de edificar, de dar e se dar, de ceder espaço, de ampliar sua visão para o simples, para o azul do céu, para a flor que nasce em seu jardim ou para ouvir o doce cantar de um pássaro.

Possivelmente não tenha parado para observar um fim de tarde. Deus é essência de todas as coisas e o futuro necessita ser construído pouco a pouco pelo Homem em comunhão com Ele e com os outros homens na seara do bem.

Não posso e nem quero acreditar na inação do ser humano. Vejo no despontar do horizonte uma LUZ maravilhosa para guiar todos nós; vejo uma nova década de grandes satisfações de profundas mudanças, de grandes amores fraternais, de sensacionais trocas e intensas descobertas.

Quero à meia noite embebedar-me de uma alegria sem fim, voando nas asas do sonho, guiando-me pela LUZ na perspectiva de uma incrível e possível realidade.

Meu amigo, minha amiga compartilhe comigo deste ideal.

Eunice Bernal