sábado, 2 de abril de 2011

Os Óculos de Pedro Antão

"O amanhã já é hoje."


Machado de Assis na telona

O cinema e a literatura são expressões artísticas distintas, porém com profundas ligações entre si. Em ambas há vida, história, sub-histórias, personagens, espaço geográfico, tempo e um pouco mais. A relação entre ambas estreita-se quando a linguagem literária é adaptada para o cinema, e transformada neste outro universo.   

 E filmes baseados em romances, peças teatrais, contos, poesia ou letra de música, sempre dão o que falar: ou recebem críticas negativas, ou são exaltados aos extremos, um meio termo é quase impossível. O mundo do cinema envolve atores, direção, música, imagens, movimento, edição, produção, transpiração e inspiração, enquanto que o mundo da literatura abrange apenas a imaginação e retórica do escritor. Não se pode esquecer de que o ato de criar requer inspiração e estímulo em qualquer manifestação artística. De qualquer modo, é uma via de mão dupla, um acaba contribuindo ou acrescentando à arte do outro; no caso de adaptação livre, pode radicalmente transformar em nova obra. Há uma extensa lista de autores nacionais e estrangeiros  adaptados para o cinema: O Processo, Fahrenheit 451, Vidas Secas, Anna Karenina, Dom Casmurro, Guerra e Paz, A Grande Arte, A Cartomante, são alguns exemplos deles.

Um dos filmes que assisti recentemente é adaptação do conto de *Machado de Assis  "Os Óculos de Pedro Antão", um suspense formidável, e confesso que me causou ótima impressão. Cheio de pontos de virada, ótima pedida para aqueles que gostam de uma boa literatura e curtem cinema.

E  eis o resumo dessa história:

Pedro recebe uma carta do amigo Mendonça, solicitando sua companhia para uma missão, no mínimo curiosa: acompanhá-lo para abrir a casa que recebera de herança de seu tio Antão, falecido dez meses antes de forma misteriosa. À meia noite, os dois amigos entram no casarão de aspecto lúgubre.

Pedro, munindo-se dos elementos que encontra no caminho, compõe, tal qual um detetive, a história do final da vida do finado. Aos poucos ele revela sua conclusão: um romance proibido com uma jovem e um final trágico. Uma escrivaninha trancada é a esperança de Pedro de comprovar sua história.
* Mas qual não é a surpresa de ambos ao abrirem a tal escrivaninha?!

Trata-se de uma história instigante, um  conto investigativo e a adaptação ficou bem contextualizada e arrematada, um suspense de tirar qualquer mortal do sério, prendendo  a atenção do início ao fim, principlamente quando lemos a obra e depois vendo personagens ganhando forma, movimento, cores, expressões fisionômicas transmitindo ação e emoção. A escolha do elenco e a direção não poderia ser melhor a esse thriller de mistério que só a genialidade e a criatividade de Machado de Assis para presentear seus leitores com muito bom gosto. Perfeitos!  Que não leu, ou não assistiu, não sabe o que está perdendo. Essa correlação literatura / cinema é uma ótima forma de **incentivo à leitura. Faz surgir comentários do tipo: “Gostei do filme, agora vou ler o livro.”   

O clima de suspense prende a atenção, e o expectador-leitor ligam-se aos personagens, tornando-se únicos, investigado e investigador tentando decifrar cada objeto, pessoa  e situação que compõe o cenário assustador. Às vezes a obra literária ofusca a cinematográfica e / ou vice-versa. Em Os Óculos de Pedro Antão, elas se complementam. E a imaginação também ajuda, superando a realidade.  

Ótima pedida!

* Sou fã do imortal, o maior nome da literatura brasileira, um artista da palavra completo.

* Está neste conto a maior pegadinha da história da literatura brasileira. Tem que assistir para saber.

** Bom material como suporte à disciplina Literatura Brasileira.

Karenina Rostov
*
Direção e Roteiro: Adolfo Rosenthal
Elenco: Michel Bercovitch, Bruno Mello, Karen Marinho, Roberto Pirillo e Luiza Tom

"Quero conjugar o verbo amar no presente do indicativo."  

"Eu aprendi a arte de interpretar as coisas insignificantes."



2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
E Bernal disse...

Prezado Lucas, bom dia!

Há tempos este Blog está em desuso, e, como recebo cópias de comentários por e-mail, passei aqui para te responder e também para saber qual seria o outro site que consta esse texto.

Informo que essa publicação está em mais três Blogs de amigos, e agora relendo percebo que faltou revisão, e, pelo que entendi, você ficou na dúvida se de fato aqui houve "copiar" e "colar".

Pensando bem, o mundo cibernético tornou-se terra sem lei, onde quase nada mais se cria e a desonestidade impera de todas as formas e modos o que é lamentável e me deixa desanimada pensar que eu também posso ser assim quando duvidam de mim.

Obrigada pela postagem!

Abraços,

E Bernal / Karenina Rostov


Rio, 29/10/2016.