segunda-feira, 4 de abril de 2011

Faxina na alma


Aqui em casa hoje
Dando uma de Maria
Arrumação e faxina geral.
Fiz no cabelo uma trança,
Coloquei o mesmo avental escrito nele
“Esperança”
Separei o kit de limpeza e tudo o que devo varrer
Já acomodados num canto da sala: antigos sentimentos,
Velhos ideais, bolsas, sapatos, e um perfume meio rançoso
E um pouco mais...

Tanta coisa desnecessária que ainda guardo
Nem sei ao menos responder por quê?
Juntamos ao longo dos anos
Coisas que nunca serão usadas
Apenas ocupando espaço no armário...

Preciso me desfazer do que já não me serve
Retirar traças e troços
Tirar o pó de velhos conceitos
Costurar fechos e desfechos
Renovar o guarda-roupa
E a alma.

Jogar fora ou doar? Eis a minha dúvida,
A dívida comigo mesma.
Quem receberia uma saudade usada?
Quem usaria meus medos, meus amores maus resolvidos
Gastos e surrados pelo tempo?
Alguém aceitaria doação
De alguns de meus temores e velhas lembranças?

Separei coisas para me desfazer hoje,
Jogar fora, definitivamente
E nem sempre tenho coragem e acabo voltando atrás
Olho, analiso, volto a experimentar
E percebo que certas peças ainda me servem
Posso voltar a usar, e guardo novamente...

Dentro do armário e de minhas gavetas abarrotadas de coisas
Velhas, novas, seminovas, que não consigo me desvencilhar
Jamais... ou ainda...

Com licença, preciso ir às compras
Procurar algo diferente,
O que me agrada ilusoriamente
Talvez encontre alguma promoção
Ou quem sabe aqueles brindes da vida?
Como a brisa, ainda é grátis, não?
Não quero tudo, apenas o que mereço de verdade
A tal da felicidade, amor e amizade...
E a esperança ainda é como o ar
Sai de graça.

E. Bernal

Nenhum comentário: