sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tempos de Paz

Tempos de Paz

“Não serei o poeta de um mundo caduco”

A paz é um estado de espírito; é a busca frenética de sossego, uma conquista diária prazerosa e confortável para qualquer pessoa, tão necessário quanto o ar que se respira. Quando se tem paz interior, se tem fora dela e em qualquer lugar. Já dizia o escritor russo Tolstoi “Sempre haverá guerra e paz”, significa que a paz é apenas um momento de trégua. E o escritor alemão Brecht dizia que só se encontra paz na guerra. Contradições à parte...

O novo filme brasileiro TEMPOS DE PAZ, dirigido por Daniel Filho, nos leva a essa reflexão. O enredo é a 2ª Guerra Mundial. Imigrantes fugiam DELA para qualquer terra estrangeira. Entre os imigrantes estava um ator de teatro, tentando entrar no Brasil, se passando por um agricultor. É claro que ele enfrentará um obstáculo para que realize esse sonho. Esse imigrante travará uma batalha para conseguir a tão almejada paz. Será um duelo de titãs. Para conquistar a sua liberdade e receber seu salvo conduto, terá que lutar contra um investigador e torturador de polícia; terá que pegar em armas para conseguir vencer essa guerra. O ex-oficial Segismundo interpretado pelo ator Tony Ramos tenta a qualquer custo cumprir a sua função de barrar e impedir que comunistas e nazistas entrem no país, e um deles é o ator polonês interpretado por Dan Stulbach pelo fato de se mostrar um sujeito muito suspeito.
A partir do encontro de ambos, o interrogador alfandegário Segismundo com o ex-ator polonês Clausewitz começa uma nova batalha. Trava-se uma nova guerra. A guerra, na verdade, são de lembranças que parece que jamais se apagarão. E ninguém está isento tê-las, independentemente de boas ou más.

Um ator que consegue sobreviver a um campo de concentração perdendo todos os parentes e amigos, perdendo a sua língua de origem, sua identidade e seu país, deixando para trás uma guerra para entrar em outra. Um ator que aprende uma língua latina por amor, declama Drummond, terá que provar que não é melhor do que ninguém nem mesmo ao próprio torturador brasileiro, pois, apesar de tudo foi o único que sobreviveu da família para contar a historia. Como fugir de um país em guerra se terá que levar na bagagem as eternas lembranças?

Quando começa o embate entre ambos, há um momento que nos faz pensar que ele deveria desistir de querer ficar, que seria melhor enfrentar a guerra em seu país e nem ter saído de lá. Comparando as duas guerras, a de lá era até branda, pois a de cá ele ouviria coisas mais terríveis da boca desse alfandegário, as mais duras e dolorosas lembranças do outro, suas torturas às suas vítimas, que talvez, guerra nenhuma seria pior.

Por ser confundido com um nazista fugitivo, é que se desenrola na sala de imigração a desconfiança nesse sujeito. E o ex-torturador alfandegário, era a própria guerra, capaz de fazer as coisas mais bárbaras e horrendas possíveis; das piores torturas inimagináveis tanto que o próprio médico interpretado por Daniel Filho, salvador de sua irmã, interpretada pela atriz Louise Cardoso, ele sem piedade torturou, quebrando as suas mãos os seus instrumentos de trabalho. A maneira encontrada pelo interrogador foi de fazer um trato com o imigrante; ele deveria fazê-lo chorar. Se conseguisse essa façanha, receberia a tão sonhada liberdade e a nova vida. Poucos atores, porém atuações magistrais. Um filme sublime. E o melhor o diretor deixou para o final, homenageando grandes imigrantes que contribuíram para o engrandecimento do país e todo o amor pela nova pátria.
Tempos de Paz. Assista com carinho.

“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.” C.D.A.
Karenina Rostov
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Sinopse

Em 1945, para fugir da Segunda Guerra Mundial, imigrantes europeus chegam aos montes ao Brasil, indo diretamente ao porto do Rio de Janeiro. É ali que se encontra o interrogador da polícia especializado em torturas chamado Segismundo, funcionário oficial no governo de Getúlio Vargas. E é ele quem vai interrogar o ex-ator polonês Clausewistz, que conseguiu escapar do nazismo depois de passar pelos horrores na guerra.


Informações Técnicas

Título no Brasil: Tempos de Paz
Título Original: Tempos de Paz
País de Origem: Brasil
Gênero: Drama
Classificação etária: 12 anos
Tempo de Duração: 82 minutos
Ano de Lançamento: 2009
Estréia no Brasil: 14/08/2009
Site Oficial: Estúdio/Distrib.: Downtown Filmes
Direção: Daniel Filho

6 comentários:

Doce de Leite disse...

Como sempre, vc se superou. Seus AUTÊNTICOS textos delineiam o verdadeiro talento que vc possui e que tantos tentam imitar. A origem disso, além da sensibilidade e absoluta clareza de ideias, vem do fato de vc estar a todo instante em contato com o mundo que a cerca ao vivo e em cores.

E Bernal disse...

Querida Ellaine,

Obrigada pelas lindas palavras. Às vezes nos damos a esse luxo de poder escrever, pois a inspiração ajuda; outras vezes é o fator tempo que não deixa. Sabendo de antemão que podemos ter leitores, devemos evitar de vomitar qualquer asneira, ahah...

Beijos e flores.

Leon Tolstoi disse...

Definição do Dicionário Aurélio (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª ed., Curitiba - Positivo, 2004) para a palavra “autêntico”:
Do grego authentikós; pelo latim, authenticu. Adjetivo.
1.Que é do autor a quem se atribui;
2.A que se pode dar fé; fidedigno;
3.Que faz fé;
4.Legalizado, autenticado;
5.Verdadeiro, real;
6.Genuíno, legítimo, lídimo.

Sabemos que a maioria dos textos aqui publicados não são de sua autoria. Cite a fonte, fica menos ridículo. Que exemplo para seus alunos...

E Bernal disse...

Obrigada, Leon Tolstoi,

Pelo trabalho que te deu procurar a definição da palavra que tanto te incomodou.

Eu não tenho que provar nada a ninguém. Muito menos a você que não conheço.

Mesmo assim, como sou educada, realmente há textos que não são meus, e eles são facilmentes reconhecidos. Geralmente são letras de músicas, comentários sobre um assunto que eu achei relevante etc. Os meus textos procuro assinar. Às vezes esqueço desse detalhe.

Este texto aqui, por exemplo, é autêntico, da minha autoria:

VIDAS AMARGAS, MEDOS DIFUSOS

O sol brilhará e nos aquecerá sempre
Independente de dias nublados
Mormaço no momento presente
Acredite, futuramente abençoado.

A paixão pouco a pouco tomando forma
Porque a cada despertar o desejo aumenta
Querer a presença amada tornou-se norma
Proteger quem amamos a alma acalenta.

Por todos os cantos da cidade te procuro
Nos bares, nas praças, nas esquinas, vinda e ida
Em cada olhar de menino sua presença no escuro
Aos poucos dando espaço ao homem da minha vida

Pouco tempo e construímos tantas histórias
Começou bom em curto espaço e é maravilhoso
Imagine só tudo o que reteremos na memória
Em outros momentos juntos relembrar será gostoso.

O amor um desafio novo, segredos a revelar
É importante e necessário ser sincero
Ser criativo, original, o prazer renovar
A cumplicidade, o pacto selar o que mais quero.

Se o amor acontece quero o longo caminho
Porque amor é tudo, a maior riqueza
Atravessar obstáculos enfrentar os espinhos
Queremos ser amados e a nossa certeza.

No lugar dos ventos, prefiro seus alentos
Ouvir ao pé do ouvido declaração de amor
Minha alma precisa, todos os momentos
Não pode mais viver sem o teu calor.

O modo de chegada não importa
O modo que fala, anda, veste também não
O que importa é a crença, a felicidade, a emoção
O coração tem a certeza desse querer, ele suporta.

Certamente que existe o medo
Do novo, do desafio do que não é tão certo
Não sabemos qual será o nosso futuro: incerto?
Um ao outro o que queremos neste momento.
Eunice Bernal

Agora, este já não é. Mesmo assim não deixei de colocar os créditos ao autor.

VIDAS AMARGAS, MEDOS DIFUSOS

Onde estará o sol que nós aquecia?
Guardado, esperando o momento,
Brilhando longínqüo qual incenso,
Abençoando este futuro de alegria.


As certezas por nós são construídas,
Na atração irresistível dos desejos,
Na força carinhosa de doces beijos,
No abraço protetor que a faz querida.


Procuro sempre tua face na neblina,
Nas brumas do tempo, se escondida,
Se na pousada vejo um sorriso de menina,
Na morada descubro o encanto da mulher.


Tantas noites a dois, tantas histórias,
Tateando juntos longas madrugadas,
Ao amanhecer, o renascer em glória,
De corações servis destas cavalgadas.


Outros desafios, antigos segredos,
No toque mútuo o valor da alforria,
O prazer de propor novos enigmas,
O pacto de recriá-los todos os dias.

Se o caminho é longo, o que importa,
Ao seu final aguarda a maior riqueza,
Na travessia impetuosa da mudança,
O encontro natural da nossa certeza.


No lugar de bradar aos ventos,
Quero sussurrar ao teu ouvido,
Palavras de doçura e de alento,
Frases que invadem ao infinito.


Não será a cavalo, mas vindo num carro,
Não tenho armadura, somente as vestes,
Não há doença, apenas nossas crenças,
Não existe separação e sim a redenção.
*
Faces cruas exibindo vidas amargas,
Semblantes vívidos e medos difusos,
Quando a minha mão se fechar na tua,
Acenderemos até o lado escuro da Lua.
Roberto Souza

*****
Obrigada pela visita!

Leon Tolstoi disse...

Não convenceu muito não.
E não por isso.

E Bernal disse...

Quem disse que eu tenho que te convencer de alguma coisa? Principalmente se tem culpa no cartório, já que se utiliza do ANONIMATO para postar aqui?