sábado, 11 de agosto de 2012

A Velha dos Fundos



A Velha dos Fundos

A Argentina mais uma vez nos brinda com um belo e tocante filme que fala, sutilmente, de ‘SÓ-lidão’ sob a ótica de dois personagens de faixas etárias distintas. São eles: Marcelo com toda juventude pela frente saindo dos...pampas argentinos para a cidade grande em busca do sonho perdido de cursar Medicina. Rosa é “A velha dos Fundos” assim nos apresentada no título, e ela de fato, passa o maior tempo pensando na sua condição, o tempo esvaindo-se, povoando diariamente seu pensamento e lembrando que está praticamente na reta final, o fim de linha se aproximando como confirma o espelho. A vaidade é uma forma de enganar o tempo, Rosa conhece bem esse detalhe pois ao sair lembra-se de se adornar e um pouco de maquiagem não faz mal a ninguém, mesmo assim, ela começa a entregar os pontos, confessando-se agora ao jovem ‘inquilino’ concluindo que a morte é a única verdade absoluta e que a espreita. *A história, sutilmente, remete à ideia de cura dos males da alma, e para isso só mesmo cursando a escola da vida, será?

“La Vieja de Atrás” é uma história sincera, confirmando, através de antíteses, que a SOLIDÃO é o mal do século num mundo recheado de meios de comunicação, e tal sentimento assola o homem moderno, independente de nacionalidade, credo, raça, gênero, grau de instrução, ou razão social. O jovem tenta se virar como pode; além da faculdade, faz um “bico” distribuindo panfletos na rua.

Rosa é uma senhora viúva, sem filhos; e Marcelo, um rapaz pobre que deixou para trás família no interior da Argentina para tentar a sorte na cidade grande. Como dizia um poeta: uma rosa é uma rosa que para proteger suas delicadas pétalas conta com os espinhos, suas companheiras inseparáveis. E esta rosa que nos foi apresentada pelo diretor e roteirista Pablo José Meza traz um espinho atravessado na alma confirmada pela tristeza constante; e o outro na garganta que às vezes a sufoca e, por isso, a todo custo tenta desafogar a dor maior agora na companhia de seu vizinho, conjugando com o ele os mesmos sentimentos, ambos com suas carências afetivas e emocionais, indo à luta com diálogos monossilábicos a fim de dar liberdade à solidão.

Quem não precisa de colo e alento espiritual?

Bem que o título poderia amenizar essa solidão a dois acrescentando créditos justos ao outro protagonista, não? Poderia ficar assim: “A velha dos fundos e seu jovem vizinho”.

Claro, lógico e evidente que vale a pena conferir!
Karenina Rostov
*
Argentina, Brasil – 2010
Direção e Roteiro: Pablo José Meza
Elenco: Adriana Aizemberg, Martín Piroyansky, Brenda Gandini, Marina Glezer, Atilio Pozzobon

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