terça-feira, 17 de abril de 2012

A imponente poesia de Lermontov


Lermontov - O heroi de nosso tempo

A uma bela que lhe não correspondia

O amor pediu-me um dia
que de seu vinho provasse.
E eu foi só por cortesia
que a taça inteira emborcasse.

Agora tudo eu daria
p'ra refrescar minha boca.
E a taça está tão vazia
como a cabeça tens oca.


Nuvens

Ó nuvens pelos céus que eternamente andais!
Longo colar de pérolas na estepe azul,
exiladas como eu, correndo rumo ao sul,
longe do caro norte que, como eu, deixais!

Que vos impele assim? Uma ordem do Destino?
Oculto mal secreto? Ou mal que se conhece?
Acaso carregais o crime que envilece?
Ou só de amigos vis o torpe desatino?

Ah não: fugis cansadas da maninha terra,
e estranhas a paixões e ao sofrimento estranhas
eternas pervagais as frígidas entranhas.
E não sabeis, sem pátria, a dor que o exílio encerra.


O Rochedo

A nuvem de ouro dorme a noite inteira
no seio do gigântico rochedo.
Pela manhã, levanta-se bem cedo,
e descuidada vai-se pelos céus, ligeira.

Mas lá restou de orvalho um breve traço
nas rugas do penedo solitário.
E é como se ele ficara multivário
chorando suavemente ante o vazio espaço.
LERMONTOV, MIKHAIL YUREVITCH
*

Adoro!

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