quarta-feira, 6 de julho de 2011

Índia seus cabelos...






Índios, nossas raízes
Não podemos negar nossas origens
Lindos, não? As mulheres modernas copiando
O jeito natural desses povos das matas de viver, de ser...

Cabelos lisos, brilhantes, sedosos
Todas hoje as querem assim
Pele suave, macia, mulheres vaidosas
Com aroma da brisa e do luar
Vivendo sem medo, sem pudor...

As índias não precisam de produtos de beleza
Sempre belas, naturalmente
Alguns adornos pelo corpo,
A pintura é a maquiagem
A vaidade existe...

Sem dúvida,  povo deslumbrante...
Se alguém te chamar de índia(o),
Ou te comparar com um(a), comemore.
Um elogio desses não é para qualquer um.
*
Como um assunto puxa outro, lembrei-me deste pequeno poema que cai em quase todo concurso, e nas aulas de Literatura é o prato principal.

Erro de Português


Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade

O título do poema está relacionado ao fato de terem sido impostas aos índios as "roupagens" do colonizador, ao invés de o branco adotar a "nudez espontânea" do nativo. Nos poemas de Oswald Andrade e de poetas de sua geração havia um forte apelo visual, criando através dos operadores poéticos gráficos-visuais como, por exemplo, o poema-pílula entre outros modelos.

A primeira imagem que constatamos é a do ato de "vestir" e de "despir". A forma como um povo se veste é o reflexo da sociedade a que ela pertence. Os portugueses chegaram "debaixo de uma forte chuva" sendo as condições externas, alheias à nossa vontade, influenciam o que acontece com nossas raízes. Esse ato pode representar muito mais nas entrelinhas como no momento em que se deu o encontro dessas duas civilizações: o branco com o índio. O sol do nosso país e a chuva que o outro trouxe o que realmente poderia representar neste poema?
Eunice Bernal

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