segunda-feira, 13 de junho de 2011

Os Agentes do Destino

"O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho." Machado de Assis

Os Agentes do Destino - (Adjustment Bureau, 2011)

Os Agentes do Destino é mais um filme que me chamou a atenção pelo argumento inteligente, misterioso e instigante. Uma mistura de romance, religião, filosofia, aventura, misticismo e ficção-científica, tudo na dose exata. É baseado no conto The Adjustment Team, de Philip K. Dick com roteiro e direção de George Nolfi e já bastante cotado para se tornar um clássico moderno.

O filme conta a história do político David Norris candidato ao Senado interpretado pelo ótimo Matt Damon, fazendo campanha eleitoral pelos cantos da cidade, e que casualmente conhece dentro do banheiro masculino a simpática Elise Sellas, uma bailarina vivida pela atriz Emily Blunt, pela qual se apaixona. Só que a partir daí coisas estranhas começam a acontecer: o destino, literalmente, entra em ação, pregando-lhe uma peça, manipulando a todo custo a história de amor que mal está começando, a fim de que a mesma cumpra o seu destino, não se alterando pela livre escolha conforme o escrito no livro da vida de cada um, e que a união do casal não se concretize.

É aí que entra o genial da história: a religião e a ficção caminhando sutilmente juntos, se mesclando e fazendo crer que o destino está mesmo escrito, e no mundo é representado por um grupo de homens trajando paletó, gravata e chapéu, cuidando para que nada atrapalhe ou mude o já traçado, itinerário do casal. O grupo procura estabelecer regras ao congressista para que nada seja alterado em sua vida predeterminada, nem mesmo a religião para se meter ou ditar normas no que diz respeito ao livre-arbítrio; a sua musa seguindo carreira profissional de bailarina de sucesso e ele como político podendo chegar a presidente da república.

Os “agentes do destino” estão em todos os lugares e deveriam se portar como seres invisíveis agindo para que a sorte de cada um se cumpra, só que, por uma fatalidade do próprio destino do protagonista, o candidato ao Senado, é que  ele consegue ver esses seres por todos os cantos, e assim descobre que não pode manipular ou mudar o já traçado para si, isto é, Elise não deveria fazer parte de seus planos, de sua vida, e ele não poderia voltar a encontrá-la. Mas David reencontra sua amada Elise dentro de um ônibus, porque um dos agentes dormiu no ponto e deixou isso acontecer, alterando o destino de ambos. A partir daí, esses agentes passaram a ter mais cuidado e David perdeu o contato com sua amada por três anos, até que um dia, pela sua força de vontade, a reencontra na rua, entrando aqui a ação do livre-arbítrio.

O ponto culminante deste filme  é a perseguição ao casal pelos agentes por toda Nova Iorque usando os portais como atalho para que fugisse desse destino para eles traçado, e brinca com a percepção dos espaços de Manhattan, passando de maneira genial de um corredor apertado para o imenso estádio dos Yankees, a Estátua da Liberdade, as largas avenidas e outros pontos turísticos nos brindando com ótimas imagens. Eis um contraponto, uma singular releitura do filme Monstros S.A., um imensa fábrica de sustos existente que constrói inúmeros portais que levam os monstros para os quartos das crianças.

O veterano e charmoso ator Terence Stamp dá um tom especial ao filme, agindo como o chefão do grupo. Outro ator de destaque neste filme é Anthony Makie que ficou bem conhecido pela sua ótima atuação em Guerra ao Terror. Makie atuando como o agente Harry Mitchell dividido entre seu trabalho e seus sentimentos de solidariedade, e no ponto de virada ajudando o casal a tornar o relacionamento e esta história em ‘happy end’.  "Tudo deve seguir de acordo com o plano" o plano desses agentes é que  "não pode fugir do teu destino".

E quanto ao livre-arbítrio? Bem, como é um assunto, digamos, de cunho religioso, comento aqui apenas como forma de ilustrar a história do filme.

O destino do homem já vem traçado ou é ele é que faz? E quanto ao livre-arbítrio? Assunto polêmico, não? Bem... bem explorado neste argumento. Digamos que o destino de Judas seria trair o filho de Deus com um beijo, e ele se quisesse poderia optar não ter feito isso, teria o livre-arbítrio; a prova disso é o seu arrependimento; Diversos textos bíblicos provam que o ser humano possui a liberdade de escolha. A Bíblia diz que o homem possui certa “liberdade” de escolha, mas não específica o quanto ele tem de livre-arbítrio. O livro sagrado está recheado de citações que confirma o tema livre-arbítrio, como, por exemplo em:

Apocalipse 3:20: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém abrir...”.
João 6: 37: “O que vem a mim não o lançarei fora...”.
Isaías 28:12: “ao qual disse: Este é o descanso, daí descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir”.
Mateus 25:45: “Então lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o deixastes de fazer a um destes pequeninos, a mim o deixastes de fazer”.

Independentemente dos assuntos polêmicos abordados na história, vale a pena conferir este romance pela ótima direção, fotografia, atuações e locações.

Bem, agora é com você que tem o livre-arbítrio de escolher assistir ou não a este filme delicioso filme!
Karenina Rostov

Os Agentes do Destino - (The Adjustment Bureau, 2011)
Gênero: Thriller
Duração: 106min
Origem: EUA
Direção: Geroge Nolfi
Roteiro: Geroge Nolfi
Produção: Geroge Nolfi, Bill Carraro, Michael Hackett, Chris Moore
Atores: Matt Damon, Emily Blunt, John Slattery, Terence Stamp
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