quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do Grotesco e do Sublime



Tradução do Prefácio de Crowell

Para se entender o MUNDO da literatura, primeiramente é necessário ser apresentado a Vitor Hugo.

Literatura é magia, ficção realidade, mistério, feio,  belo e muito mais e mais e mais e TUDO.
Vitor Hugo aceita o grotesco como polo complementar do sublime em sua arte.
Depois dele, a compreensão de qualquer obra torna-se pratica e simples, um manto diáfano... 

"Do sublime ao ridículo há apenas um passo", dizia Napoleão, quando se convenceu de que era homem; e este relâmpago de uma alma de fogo que se entrabre, ilumina ao mesmo tempo a arte e a história, este grito de angústia é o resumo do drama e da vida.

Coisa surpreendente, todos estes contrastes se encontram nos próprios poetas, tomados como homens. À força de meditarem sobre a existência, de fazerem ressaltar sua pungente ironia, de lançarem abundantemente o sarcasmo e a zombaria sobre nossas enfermidades, estes homen que tanto fazem rir se tornaram Heráclitos, Beaumarchais era tristonho, Molière era sombrio, Shakespeare melancólico.

É, pois, o grotesco uma das supremas belezas do drama. Não é só uma conveniência sua; é frequentemente uma necessidade. Algumas vezes chega em massas homogêneas, em caracteres completos: Dandin, Prusias, Trissotin, Bridóison, a ama de Julieta; algumas vezes marcado pelo terror, como: Ricardo III, Bégears, Tartufo, Mefistófeles; algumas vezes mesmo, velado pela graça e elegância, como: Fígaro, Osrick, Mercutio, D. Juan. Infiltra-se por toda parte, pois da mesma forma que os mais vulgares têm várias vezes acessos de sublime, os mais elevados pagam frequentemente tributo ao trivial e ao ridículo. Portanto, frequentemente inapreensível, frequentemente impecptível, sempre está presente no palco, ainda quando se cala, ainda se oculta. Graças a ele não há impressões monótonas...

E tantas coisas mais retidas na memória, reencontramos sem nenhuma razão em momentos vãos...
Para se entender a arte literária, esta receita não basta. Mas ajuda.
K.R.

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