quarta-feira, 17 de março de 2010

Divagações sobre as divagações de um ator

Divagações sobre as divagações de um ator

Abaixo a mesmice! Às vezes é bom variar. Mudar de banca de jornal, de padaria, de mercado, posição de dormir, o corte de cabelo, mudar de casa, de entretenimento e tudo o mais. Enfim mudanças!

Cinema e teatro são linguagens diferentes. Lembrei-me de duas peças que assisti recentemente nesses tempos de mudança. A primeira foi Um Navio no Espaço com o ator que admiro muito Paulo José e suas reminiscências.
 Paulo José divagou entre outras coisas, sobre a formidável lata de fermento em pó Royal. Ele dizia mais ou menos o seguinte:

“Eu me lembro que, quando eu era pequeno, o fermento em pó Royal tinha como rótulo uma lata de fermento em pó Royal, dentro de outra lata de fermento em pó Royal e essa outra lata de fermento em pó Royal, e assim sucessivamente até o infinitamente pequeno. E se pegar um microscópio, lá estaria outra mínima lata de pó Royal.”

E o ator acabou comparando a função conativa da linguagem com o universo, a galáxia, os planetas, a infinitude até chegar a Deus. Um estando contido no outro. Todas as coisas estão interligadas.

Tive vontade de ao sair do teatro, passar no mercado e comprar uma lata de fermento em pó Royal. Ahahaahaha... E lembrei-me que isso apesar de ser teatro é Royal, digo, é REAL. As minhas lembranças aguçaram-se; nesse dia fizeram festa. Eis duas delas que brincaram de roda, tudo graças a essa bendita peça:

O padeiro quando faz pão, usa sempre um pedaço de massa do dia anterior na massa nova, e no dia seguinte juntará um pedaço da de ontem na do de hoje, e assim será infinitamente.

Temos em nosso DNA partículas elementares de nossos pais que por sua vez têm nos nossos avôs e eles têm a dos nossos bisavós até chegar a Adão e Eva. Ahaha... Então todo mundo é um pedaço de todo mundo. Todos interligados. E a teoria darwiniana, idem, ibidem... Esqueça os conflitos de qualquer gênero aqui.

Ah, Um Navio... faz qualquer um viajar. Uma lembrança remete à outra e a outra, e a outra...nem sempre boas, nem tudo más... Às vezes, lembramos de coisas insignificantes e esquecemos de importantes. Porque ambas são marcantes. A memória não faz distinção entre elas. Simplesmente as guardam, quando se precisa, procura-se e se acha. Ou algo ou alguém nos faz lembrar.

Se ainda estiver em cartaz, assista. Vale o investimento. Vale a pena lembrar.

A outra peça que gostaria de comentar é Sopros de Vida com Nathalia Timberg e Rosamaria Murtinho. Essa também fala em reminiscências de duas mulheres interligadas pela razão de dividirem o amor de um mesmo homem. Uma é a esposa e a outra a amante, numa relação que durou 25 anos, fazendo brotar um mundo de sentimentos nunca expressos de recordações, dúvidas e decisões, fundamental para a vida dos personagens.

Fica a sugestão. Está no CCBB. Inteira R$ 10,00. Gostei tanto que... surgindo um convite...
___________________________________

Endereço: CCBB – r. Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro - (21) 3808-2020
Horário: quarta a domingo, às 19h
Até 28 de março
Preço: R$ 10

Nenhum comentário: