quarta-feira, 4 de novembro de 2009

As Cartas Ridículas de Todos Nós


Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,

Ridículas. As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas. A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos

Os versos acima, escritos com o heterônimo de Álvaro de Campos, foram extraídos do livro "Fernando Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 399.
*****

Quem nunca escreveu uma carta de amor que atire a primeira pedra. Todos somos um pouco ridículos por causa dessa pieguice. Alguns não se contentando em escrevê-las, ainda dão um banho de perfume. E as cartas de amor ficam ridículas ao quadrado.

Cartas de amor nada mais são que expressões de sentimentos, o querer mais que bem querer... e quando tudo acaba, vem a dor, a tristeza a solidão...

O vazio ocupa o espaço que um dia pertenceu ao amor. E tudo o que foi escrito e dito um dia nas cartas de amor relembrando depois é simplesmente ridículo. Amor é muito mais que magia. Amar é ser ridículo. Sou uma ridícula assumida.
Karenina Rostov

Um comentário:

Anônimo disse...

EMAILS... CARTAS... MESMA COISA...