sábado, 8 de agosto de 2009

A Rosa Púrpura do Cairo

A ROSA PÚRPURA DO CAIRO

Existe algo mais genial do que assistir a um bom filme? Um bom filme é aquele capaz de nos seduzir, de mexer com nossas emoções e sentidos, causar um impacto interior e incomodar de alguma forma nos desestruturar, desconstruir, transformar, mudar ser capaz de nos embriagar seja por imagens, gestos, sons, uma entrega de corpo e alma, uma troca entre ambos vida e arte; ir além da imaginação.

Um filme pode ser considerado magnífico por ser diferente, original e criativo. Seu criador foi capaz de inovar, ousar, imaginar uma história genial, capaz de emocionar, fazer rir ou chorar, surpreender, sentir um algo que dê uma sede maior de viver e de devanear. São detalhes que fazem relembrar determinados filmes e querer assisti-los tantas vezes mais.

A mensagem de Woody Allen, diretor e roteirista da comédia romântica A ROSA PÚRPURA DO CAIRO, é formidável, diferente de tudo que se possa imaginar. O roteiro resume-se basicamente em duelar o fantástico mundo da fantasia com o fantástico mundo real.

A metalinguagem cuidadosamente presente que diverte e nos tira do sério para participar diretamente dessa aventura como protagonista. São duas histórias que correm paralelamente sob a ótica da personagem Cecília, uma pacata dona de casa e seu marido alcoólatra.
Quando a realidade e a ficção se mesclam, torna a obra de arte cinematográfica muito mais brilhante e especial do que ela já é. Quem assistiu ao filme JOGO DE CENA do diretor brasileiro Eduardo Coutinho, deve ter saído da sessão meio tonto e curioso por não saber qual personagem dizia a verdade e qual interpretava a mesma cena, o mesmo discurso; é um filme dois em um, ou melhor, o mesmo diálogo para dois personagens interpretarem.

O diretor brinca com os pólos divergentes constantemente em A ROSA PÚRPURA DO CAIRO; a realidade e a ficção se aglutinam de tal forma tornando o real e o imaginário, personagem do filme e fora dele, únicos. Realidade e ficção con-(fundem-se)!

Realidade porque há homens que exploram as mulheres, gastam todo o dinheiro do trabalho delas em jogos, bebidas, ainda batem nelas e além de tudo tem coragem de as traírem.

Também há mulheres que não suportam o seu casamento, mas não têm coragem de cair fora por medo do parceiro e com isso ficam sonhando em encontrar o verdadeiro amor.

E a ficção é que nenhum personagem pode sair das telas porque se apaixonou por um expectador e nenhum expectador pode entrar pela tela de cinema com um personagem de um filme e passear pelas cidades cinematográficas e depois sair por ela novamente como se nada tivesse acontecido, e ainda por cima os outros personagens conversam com as pessoas reais que estão na sessão esperando a volta do outro personagem, pois não podiam continuar sem ele porque era o protagonista. É ficção povoando o imaginário; isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer porque personagens interpretam, não têm vida própria. É criação; é o mundo imaginário. Porém pode acontecer no nosso imaginário tal real...

A Rosa Púrpura do Cairo (Purple Rose of Cairo, The, 1985) » Direção: Woody Allen» Roteiro: Woody Allen» Gênero: Comédia/Fantasia/Romance» Origem: Estados Unidos» Duração: 84 minutos» Tipo: Longa-metragem» Trailer: clique aqui

» Sinopse: Durante os anos da Grande Depressão nos Estados Unidos, Cecilia é uma garçonete que, depois de despedida do emprego, passa a se distrair vendo sucessivamente o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", até que presencia o dia em que seu ator principal literalmente sai da tela do cinema para viver a vida real. Os executivos de Hollywood ficam loucos com o ator, querendo impedir que ele continue saindo de outras salas de projeção, enquanto ele passa a ter um caso com Cecilia.

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