quarta-feira, 25 de julho de 2007

POR QUE POESIA EM TEMPOS DE INDIGÊNCIA?

POR QUE POESIA EM TEMPOS DE INDIGÊNCIA?
ou
POR QUE INDIGÊNCIA EM TEMPOS DE POESIA?


Poesia não enche barriga, o que enche barriga é pão;
Poesia é alimento da alma, assim como pão é o alimento físico,
Sem ele, o corpo falece...
Para se viver dignamente, é necessário o pão de cada dia,
É necessário de encanto, emoção e magia;
Necessita-se de poesia,
Sem ela, a alma lentamente morre....
Para não se morrer de inanição o ser necessita de dois alimentos fundamentais: pão e poesia.


Tempos difíceis, tempos modernos, tempo de descobertas, de globalização, de transgênicos, de clonagens, de mundos sem fronteiras, sem barreiras, sem muros. O homo-sapiens tornou-se um semideus, que tudo sabe, tudo pode, tudo quer...mas, nem sempre o querer é poder...
Alguns muros nesse novo tempo foram derrubados, outros construídos, outros reforçados e de difícil acesso, e o próprio ser construiu um muro em torno de si para se proteger dos medos, do egoísmo, da intolerância... chegamos ao ápice, vivemos no limite desse novo milênio, isolados, desprotegidos, agarrando-se nas crenças de um amor Divino, pela fé para que os céus não desabem de vez... e desvenda-se o presente avassalador da miséria humana, da pobreza da alma, de fome física e imaterial... assiste-se a desconstrução do ser, a solidariedade tornou-se um produto escasso, assim como a paz, um egoísmo incapaz de somar forças, de unir povos e nações, cumpre-se aos poucos as profecias, vivemos momentos apocalípticos, transportamo-nos às origens primitivas, assim, como num divã, em busca de reflexões que nos mostrem onde foi que erramos, os desacertos, os desencontros, procurando soluções, procurando uma luz no fim do túnel para que não se perca de vez em trilhas, nos descaminhos tentando descobrir o que aconteceu para que não se possa continuar a caminhada; que obstáculo seria esse que nos impede de prosseguir?
Como haverá sensibilidade, expressão de carinho, POESIA nos tempo atuais?
Falar de indigência, é falar de inúmeros indicadores de discriminação: ampliam-se as classe dos excluídos em cotas de indigência: a indigência de emprego, indigência de educação de saúde, de cultura, indigência racial, indigência moral, indigência de moradia, e, a fome de alimento para o corpo, alimento físico, continua sendo a mais grave, é a depreciação do ser, a degradação humana.... o homem até consegue viver da fome de saber, e da sede de matar os desejos de viver uma vida digna, sem necessitar viver de esmolas, sem necessitar mendigar o que é seu por direito, mas poderá morrer de inanição nos becos da vida, humilhado, menosprezado, esquecido, como indigente, apenas um anônimo... o que isso importa? Não é uma celebridade, apenas mais um anônimo...
Grandes mobilizações e euforia o país vive diante das dificuldades atuais em torno de pobreza, miséria, dificuldades sociais de todos os tipos, dificuldades culturais. A indigência, mal que se alastra pelos cantos do mundo, quem poderá contê-la? Ou como se poderá bani-la? e os governantes através de Programas e ONG’s sensibilizando sociedade a fim de amenizar o sofrimento de pessoas atingidas. A participação depende de todos, cada um procurando fazer a sua parte...
A cota da indigência do abandono à própria sorte, do “cada um por si, Deus por todos”, do “salve-se quem puder”, posto que foi-nos tirado o direito de ir e pela violência urbana, do toque de recolher... a quem recorrer?
Resta ao homem consolar-se com seus sonhos, e, enquanto houver esperança, os sonhos existirão, nada, nem ninguém poderá transformar os sonhos em indigência espiritual... sonhar, não custa nada, não se paga impostos, não existe fronteiras nem barreiras, o sonhador é livre, é pacifico, é feliz apesar dos pesares Ter esse privilégio de construir castelos, de ir ao céu e voltar nas asas de um anjo da paz...
O sonho e a poesia caminham lado a lado, almas gêmeas; o sonho, transformador, a poesia encantadora..
O sonho nos conforta, a poesia é tudo...
O mundo nos dá constantemente a poesia em sua forma bruta, pelos poros, pela saliva, pelo luar, pela chuva, pelo vento, pelo mar.... a que armazenamos, processamos, transformamos e a devolvemos através da beleza existente nas palavras, nas canções, na melodia... a sua reorganização e reconstrução através da suavidade e sensibilidade.
A poesia existe porque tudo existe, qualquer assunto pode ser transformado em poesia: solidão, tristeza, melancolia, morte, saudosismo, como também, vida, paixão, amor, tornam-se poesia. A POESIA sempre terá seu espaço garantido, nada ou ninguém impedirá a sua criação, o seu nascimento, o seu surgimento...mas, e a INDIGÊNCIA, o que faremos com ela? A maioria da população mergulha na indigência, na pobreza, na miséria. Isso é o resultado de uma política de negligência absoluta para com a massa dos excluídos.
A população carente de moradia, emprego, saúde, educação, salário digno para atender às suas necessidades e despesas, quanta indigência que se alastra pelo mundo como uma erva daninha, um vírus, que cresce silenciosamente e mata aos poucos... quem poderá detê-la? Haverá uma vacina, ou um antídoto? Não devemos nos acomodar jamais, devemos descruzar os braços e irmos à luta! Cada um fazendo a sua parte.
Somos seduzidos pela beleza da palavra, da sua suavidade e leveza, somos sensíveis, existe poesia em todo universo, do amanhecer ao alvorecer....
Enquanto existir vida existirá poesia, enquanto existir poesia haverá esperança; enquanto existir esperança existirá amor; e o amor tudo vence, o antídoto para amenizar a dor da indigência. Deve-se procurar caminhos para eliminar o abismo entre indivíduos marginalizados e “socializados”.
A poesia é sublime; a indigência, grotesca... antônimos, antítese, paradoxo...a intolerância humana...estamos no ápice, pólos divergentes, soluções urgentes para todo o planeta, para se salvar o mundo, até a Terra começa a agonizar-se, estamos ajudando a matá-lo, destruindo o meio ambiente, poluindo o ar, os rios, os mares, estamos nos destruindo... quem não tem uma parcela de culpa de todo tipo de indigência, “que atire a primeira pedra”.

A poesia está presente no sangue, na alma, na retina, no tato, no olfato, paladar...
Apesar de não se viver só de poesia, é ela que nos dá a alegria de viver, e ela que transmite paz, nos conforta no momento em que mais necessitamos...
POESIA, alimento da alma, do corpo e do espírito...
A poesia necessita de RESPEITO, é Ela que nós mantêm vivos, tira toda a tristeza do mundo, a palavra que consola, que nós dá a sede maior de viver...
Vivemos numa ilha cercada de indigência por todos os lados... o nosso lar é o universo, cercados de poesia de todos os lados...
Eu mudaria a pergunta em questão para: “Por que indigência em tempos de poesia?”
Para que não haja indigência da poesia é necessário alimentá-la constantemente, de sonhos, ilusões, de carinho... A poesia nos dá a paz que buscamos, o conforto interior, é o nosso combustível diário...nos transporta pela beleza do olhar de um menino triste, faminto de desejos físicos... faminto de carinho... em todos os anseios mais íntimos ela está presente, mais viva do que qualquer outra coisa em nossas mentes.. basta para isso pensar, porque o pensamento é poesia...
A poesia está presente em todos os sentidos do homem: visão, audição, paladar, olfato e tato, como um irmão siamês, fundido nas entranhas, aglutinado na mente e alma... tirar a música suave, a melodia que faz bailar no ar, seria mutilação, seria tirar o sol do mundo; a consciência do homem é toda poesia, a visão não suportaria ficar sem contemplar as cores do arco-íris; a poesia existente no perfume das flores, nos extasia, assim como o cheiro de terra molhada, do orvalho... Ah, como é sublime o carinho doado pelas mãos, pelos abraços, pelos lábios, indescritível e bela, eleva ao espaço nos fazendo conhecer o desconhecido, recriar a monotonia, reinventar a vida...
A poesia existe antes do mundo, a poesia é o mundo, a poesia é um presente diário de Deus, e ele não cobra taxas ou impostos, para admirarmos o pôr-do-sol, a brisa, os raios e trovões, a neve, o sorriso de uma criança, o abraço de um amigo... a poesia cumpre sua missão a cada instante através de doação do simples ato de transformar o abstrato em concreto, o existir em pensar.
Por que poesia em tempos de indigência?
Simplesmente porque poesia é tudo.

Nenhum comentário: