OFF - Nos bastidores da polêmica
Manuel Bandeira era racista? Há algum tempo atrás tive sérios problemas em uma das minhas aulas de interpretação de texto quando escolhi o poema IRENE NO CÉU de Manuel Bandeira. Alguns alunos interpretaram, SEGUNDO O TEXTO, que Irene pela cor de sua pele não poderia ser uma pessoa boa, ela aqui seria exceção e que negros são pessoas ruins.
Até explicar aos alunos que alhos não são bugalhos, e que tomada de porco não é focinho, deu trabalho...
Eis o poema de sete versos livres.
Irene no Céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Manuel Bandeira
No poema o autor faz uma referência a Irene entrando no céu, o que simboliza que era uma pessoa de boa índole. Também demonstra que no céu, a cor de Irene não importa, o que importa é que Irene foi boa e que merece espaço no céu, pois no paraíso não há discriminação.
E Monteiro Lobato era racista?
Foi manchete de diversos jornais esta semana por causa de um dos clássicos da literatura infantil de Monteiro Lobato, o Caçadas de Pedrinho, e seria banido das escolas públicas do país por conter algumas frases consideradas preconceituosas pelo Conselho Nacional de Educação (CEN). O ministro da Educação Fernando Haddad, teve que intervir.
Segundo um professor da Universidade de Brasília há preconceito racial contra a personagem Tia Anastácia, a empregada negra do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Um trecho diz que Tia Anastácia “tem carne preta”. Em outra “que trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro”.
Em resumo, nos dias atuais tudo é visto como questão de preconceito, e motivo para processos. E quando não é encontrando facilmente, fazem questão de revirar papéis antigos e amarelados. A literatura está recheada delas; vide o exemplo no poema de Manuel Bandeira. Agora já são dois literatos, daqui a pouco será a vez de Machado de Assis, que, apesar de ser mulato, quase não há registro da palavra NEGRO em seus textos, porque o burburinho que se ouve em relação a esse fato é que ele renega a sua própria condição racial. O povo que tem tempo adora brincar com fogo. E como dizia meu avô, filósofo de botequim: "Quem mexe com fogo, faz xixi na cama".
K.R.
K.R.
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