sexta-feira, 29 de julho de 2011

O AMOR banalizado...



Amor - termo acessório da oração

Quando a esmola é muita, o santo desconfia. Nem tudo que reluz é ouro! ...me engana que eu gosto! Esses ditados em algum momento funcionam para representar uma situação que nos deixa com a pulga atrás da orelha. E tem uma aqui me incomodando e preciso por isso vomitar. Nunca escondi que sou piegas fervorosa, que quando gosto de alguém, abro o verbo e vou à luta, falo mesmo na lata e pelos cotovelos o que meu coração manda sem pedir licença a ninguém. O que há tempos vem me chamando a atenção é que a frase que utilizamos para expressar o sentimento maior, mais puro e verdadeiro, de repente, banalizou-se, tornou-se uma piada de mau gosto. Como diria Victor Hugo na sua obra Os Miseráveis "A suprema felicidade dessa existência é ter-se a certeza de ser amado; amado por si mesmo, ou melhor, a despeito de si mesmo.” Amor, não é somente uma simples palavra, mas um sentimento que carrega a maior carga da mais sublime energia e que agora sendo falsamente profanado pelas esquinas como um mero vocativo. “Amor i love you”, as pessoas dizem isso com a maior naturalidade do mundo, como sendo eterno.

Sem dúvida que os tempos mudaram, nem discuto essa questão, ficar comparando aos tempos dos avós nem tem cabimento quando diziam que se falar para alguém “Eu te Amo”, era a coisa mais difícil e complicada do mundo, o homem principalmente, jamais ou dificilmente a pronunciava, só os poetas mesmo! Tem gente que morria e não a proclamava e hoje em dia a frase mágica de efeito, banalizou-se. Ouve-se constantemente pessoas a utilizando falsamente “amor daqui, amor da minha vida de lá”, “eu te amo daqui, eu te amo de lá”, às vezes percebemos que soa até comicamente, engraçado, sem mesmo experimentar o gosto salgado do suor e da lágrima, a acidez da saliva quando se acorda, a cara amassada e o cabelo desgrenhado pela manhã, o odor inconfundível do amor ardente sob os lencóis por toda madrugada,  e o cheiro vencido nos fins de tardes calorentos após um dia exaustivo de trabalho, de um banho matinal caprichado ao se levantar vencido e quantas outras coisas mais? Eu mal te conheço, mas eu te amo! Hoje se alega ser um sentimento profundo e arrebatador em frente a platéias desconhecidas, dos que “nunca te vi mais gordo”, mas você é testemunha auditiva do que estou falando para essa pessoa, você é testemunha leitor o que escrevi para essa pessoa porque ficará como monumento registrado que eu a amo. Agora pode "curtir". O que a pessoa conseguirá com essa falsidade toda, só mesmo sendo idiota para não desconfiar, ou fingir acreditar que isso é a mais pura verdade. Bonitinho, mas soa falso, desculpa, esse filme já vi e sei como termina.

Amor à primeira vista, à primeira teclada, ao primeiro som de voz, sim, existe! É belo e verdadeiro e tem cheiro de flor da manhã do campo e pureza da neblina. Acredito. Mas acredito também que é na convivência diária ao longo dos anos é que se construirá o verdadeiro amor.

Será que tudo realmente é amor? Uma pessoa fala mal da outra e daqui a pouco passa a chamá-la de "amor". A busca frenética por esse sentimento talvez seja a razão da banalização. São tantos os questionamentos e eu nem sou uma expert no assunto, apenas estou dizendo o que penso. Pode ser que esteja tudo errado.

Não se precisa de mil e uma noites de amor para se provar nada, tampouco a frase já tão gasta. O amor verdadeiro não precisa da expressão de efeito constante. Basta um gesto, um olhar, um carinho capaz de expressar com sinceridade o que mil palavras não conseguiram.

Amor é muito mais que um simples vocativo. Vive-se um sentimento superficial, de aparências, puro fingimento, um comportamento falso, e estranho, alguma razão tem para tanta superficialidade, e outro ditado diz que no amor e no jogo depende da sorte, e ninguém joga para perder e não se precisa de sinônimos nem tradução para a palavra ‘sorte’.

Amor verdadeiro existe sem precisar de propaganda nem ninguém precisa ficar sabendo, exceto a pessoa amada ao pé do ouvido à meia noite na escuridão total, somente um murmuro basta, é o suficiente e que o sinta verdadeiramente no fundo da alma.

E me lembrei de um filme que vi recentemente falando de uma canção na qual a mulher diz a bendita frase e o homem lhe responde, adivinha o quê?

A mulher: Je t’aime. (Eu te amo)
E o homem: Moi non plus. (Nem eu)

Sabe, querido, Eu te amo! Bem, eu sou poetisa...

Eunice Bernal

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O tempo passa para todos



Como diz a minha querida e sábia mãe: "Cada idade, o seu encanto".
Em qual encanto estou hoje? Quando se entra na idade do "enta" , começa o encanto... mas isso não significa que deve se acomodar. Deve-se aproveitar bem cada minuto da vida que é o milagre maior de Deus.
O tempo é liberdade
Possui asas,
Como voa!
E.B.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ao Mestre, com carinho (3)

NEM JESUS AGUENTARIA SER PROFESSOR...  nos tempos atuais...
O Sermão da Montanha - Versão para Educadores

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre
uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa
Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes:

- Em verdade, em verdade vos digo:

- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro o interrompeu:

- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:

- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:

- Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:

- Vai cair na prova?

João levantou a mão:

- Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:

- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:

- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:

- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:

- Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:

- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:

- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:

- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado
nada a ninguém (ESTE É O PEDAGOGO), tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus,
dizendo:

- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?

- Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?

- Quais são os objetivos gerais e específicos?

- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:

- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades
integradoras com outras disciplinas?

- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?

- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:

- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me
o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se
cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.

- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do
nosso projeto.

- E vê lá se não vai reprovar alguém!

E, foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonastes..."

A cada dia somos uma página em branco...

Somos a cada dia uma folha em branco do livro de nossa própria história  na qual somos o personagem principal, diretor, escritor e roteirista. Fique esperto para aproveitar ao máximo  com coisas que realmente  edificam e tenham retorno para toda a sua vida e que não se arrependa jamais. 
E.B.

Beijos e flores!

domingo, 24 de julho de 2011

Soundtrack for love days

O AMOR PREVALECE

Nunca deixo de admirar e apreciar o céu
E hoje reparei que cada nuvem é diferente
Mas a beleza é única.

Quando alguém se apaixona
A vida pode não ser como nuvens iguais
Mas pode ser vibrante.

A vida segue bela
Viver é um presente divino
O mundo é maravilhoso
Mas nem sempre justo...

Não existe mais medo
Não existe mais dor
Não existe cor para a amizade e o amor...

O mundo é alegre por causa de suas cores.
Mas tem quem insista em amar em preto e branco.
"Ame e dê vexame!" diz um sábio poeta.
K.R.



E essa música é linda em qualquer idioma, não acha?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Teste: que bom filme você é?

Well, para mim saiu este.



Você é "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain" de Jean Pierre Jeunet. Você é engraçado(a), original. Uma pessoa leve e maravilhosa de se conviver.

Faça você também o teste clicando no link:
 
 Que bom filme é você? 
Divirta-se!
K.R.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sem rodeios...

"Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (...) e a pessoa simplesmente gosta de você (...). O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações?"

... e sem comentário.
E.B.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Borscht

Sopa de beterraba (Borscht)

Além de linda, esta sopa clássica russa é muito versátil: nos dias frios, sirva bem quentinha e nos dias quentes você pode tomá-la gelada.

Tempo de preparo: Menos de 2 horas
Serve: 6 pessoas

Ingredientes

8 beterrabas
2 colheres (sopa) de manteiga
2 cebolas médias
2 cenouras
2 colheres (chá) de açúcar
5 xícaras (chá) de caldo de carne (se for usar cubos, dissolva apenas 2)
2 colheres (sopa) de suco de limão
1 xícara (chá) de creme de leite fresco
sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de Preparo

1. Preaqueça o forno a 180°C (temperatura média).
2. Embrulhe as beterrabas em papel-alumínio, coloque-as numa assadeira e leve ao forno para assar por 1 hora ou até que elas fiquem macias. Para verificar o ponto, espete-as com uma faca. Elas deverão ser facilmente perfuradas.
3. Em seguida, retire as beterrabas do forno e deixe esfriar.
4. Rale as cenouras, as cebolas e as beterrabas separadamente. Reserve.
5. Numa panela grande, derreta a manteiga, refogue as cebolas e as cenouras em fogo baixo, mexendo sempre, por cerca de 10 minutos.
6. Acrescente a beterraba, o açúcar, o caldo de carne e aumente o fogo até levantar fervura.
7. Em seguida, reduza o fogo e deixe cozinhar por 20 minutos ou até que todos os vegetais estejam bem macios. Desligue o fogo e deixe esfriar.
8. Transfira o cozido para o liquidificador e bata com o caldo de limão. Tempere a sopa com sal e pimenta-do-reino.
9. Para servir fria, leve à geladeira por no mínimo 1 hora. Misture o creme de leite na hora de servir. Para servir quente, leve a sopa ao fogo e deixe ferver. Decore com raminhos de endro.
*****

Para espantar este inverno rigoroso nada melhor que uma deliciosa sopinha. Aprecie com moderação.
Huuuuummmmmm, que delícia! Adoro!
Karenina Rostov

terça-feira, 12 de julho de 2011

Passeio virtual pelo zooLÓGICO


Gosto de animais, só que não consigo aceitar vê-los enjaulados, eles presos como criminosos, me dá uma grande tristeza. Eis um zoológico virtual para você se deliciar. Esse eu recomendo visitar. Que tal fingir ser um passeio pela Quinta da Boa Vista e pelo ZOO?

Fica a sugestão. Click e divirta-se!


sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Amor (Ágape)

Considerações sobre o Amor
1. ”O amor não tem tempo para acontecer, só acontece uma vez, e não acaba, se você acha que ele já aconteceu e lamentas por tê-lo perdido é por que ele nem começou”.
2.  “Aquele que comete loucuras de amor, jamais merecerá um manicômio, pois estará gozando de saúde e da mais plena consciência”.  (Ivan Teorilang) 
 Amor ainda é o sentimento que move o mundo e a esperança. Nunca sai de moda. Eu o comparo ao metal nobre: ouro. É o primeiro mandamento de DEUS, significa que até ELE deseja ser amado. Quem nunca amou que atire a primeira pedra. Amar é simples, a gente é que complica. Considero a palavra mais bela que há no dicionário. Quando não se tem amor no coração, não se tem geralmente ânimo suficiente para a batalha da vida.

Amar é bom; é sublime. Tudo funciona bem e fica melhor ainda quando sabemos que somos amados, quando somos correspondidos. Não se entra num relacionamento para ser feliz, mas para fazer o outro feliz. Devemos retirar diariamente da caixa de Pandora o mais     contagiante sentimento, o AMOR  que  transborda pelos nossos poros e pelas taças de vinhos que guardamos para juntos da pessoa amada brindar. Às vezes, buscamos o caminho que nos parece mais fácil e prático para se chegar a esse maravilhoso sentimento, mas nos trará a verdadeira felicidade?
Felizes aqueles que ainda acreditam nesse sentimento porque amar é doação. Se respeitássemos nossos sentimentos mais profundos, tudo seria mais fácil. Alguém sempre acaba dizendo: “Ei, não complica!”.   
Sempre acreditei no amor. Sou romântica e piegas. A gente é que cisma em achar que é para poucos. Não! Ele é como o sol, nasce para todos, somos a metade de duas laranjas, pode acontecer de se demorar a encontrar a outra parte.
Fazer a escolha acertada não é tarefa simples. Mesmo tendo certeza do que queremos, sempre surgem dúvidas, insegurança e receio de se dar um passo em falso, como prova a conjunção “se”: “...se eu não tivesse escolhido este caminho, mas aquele... Ao decidirmos qual rumo tomar, o da esquerda ou da direita, dificilmente podemos voltar atrás, ou às vezes é tarde demais para isso.

Precisamos amar ainda mais quando menos for merecido, pois é aí que mais será necessário e autêntico este sentimento.
Diria que terremoto é a metáfora perfeita para definir o sentimento amor: chega sem avisar, forte e arrasador, faz um senhor estrago e só  depois vem calmaria e mansidão...
Um grande amor pode não ser perfeito e quem ama verdadeiramente não vê defeitos. Enfrenta-se o céu e o mundo por ele, e essa força é privilégio do próprio amor.  Sentimento único e exclusivo guardado no coração. Uma mistura de aperto, apego, zelo e forte desejo.
Você pode achar que não é importante para alguém, porém, se descobrir que esse alguém muito te quer, te considera e te admira, fique atento e preste muito atenção nele,  pois é a sua felicidade aquele que passaria com você o resto de seus dias, e você às vezes não se dá conta disso.
Amor sentimento dos sentimentos; bom quando correspondido. Escolha simplesmente amar, sem medo ou barreiras. A sua outra metade, a tal alma até pode ser gêmea, mas o espírito é único.
E lembrei-me desta passagem bíblica para resumir esta conversa que está em 1 João 4: 18

No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.

E eu 'só' tenho amor para dar.
Eunice Bernal

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Índia seus cabelos...






Índios, nossas raízes
Não podemos negar nossas origens
Lindos, não? As mulheres modernas copiando
O jeito natural desses povos das matas de viver, de ser...

Cabelos lisos, brilhantes, sedosos
Todas hoje as querem assim
Pele suave, macia, mulheres vaidosas
Com aroma da brisa e do luar
Vivendo sem medo, sem pudor...

As índias não precisam de produtos de beleza
Sempre belas, naturalmente
Alguns adornos pelo corpo,
A pintura é a maquiagem
A vaidade existe...

Sem dúvida,  povo deslumbrante...
Se alguém te chamar de índia(o),
Ou te comparar com um(a), comemore.
Um elogio desses não é para qualquer um.
*
Como um assunto puxa outro, lembrei-me deste pequeno poema que cai em quase todo concurso, e nas aulas de Literatura é o prato principal.

Erro de Português


Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade

O título do poema está relacionado ao fato de terem sido impostas aos índios as "roupagens" do colonizador, ao invés de o branco adotar a "nudez espontânea" do nativo. Nos poemas de Oswald Andrade e de poetas de sua geração havia um forte apelo visual, criando através dos operadores poéticos gráficos-visuais como, por exemplo, o poema-pílula entre outros modelos.

A primeira imagem que constatamos é a do ato de "vestir" e de "despir". A forma como um povo se veste é o reflexo da sociedade a que ela pertence. Os portugueses chegaram "debaixo de uma forte chuva" sendo as condições externas, alheias à nossa vontade, influenciam o que acontece com nossas raízes. Esse ato pode representar muito mais nas entrelinhas como no momento em que se deu o encontro dessas duas civilizações: o branco com o índio. O sol do nosso país e a chuva que o outro trouxe o que realmente poderia representar neste poema?
Eunice Bernal

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sempre Conte à sua Esposa

1. "A única maneira de me livrar dos meus medos é fazer filmes sobre eles."

2. "Sorte é tudo... Minha sorte em vida é ser uma pessoa medrosa. Tenho sorte de ser um covarde, em ter um baixo limiar de medo, porque um herói não poderia fazer um bom filme de suspense." Alfred Hitchcook

Sempre Conte à sua Esposa (1923) – Always Tell Your Life

Um poeta brasileiro diz em um de seus poemas que a língua portuguesa é a sua pátria, e eu como gosto de pegar carona na fala dos outros, afirmo que o cinema, por não ter fronteiras, é a minha pátria.

E o Rio de Janeiro, a cidade que escolhi para viver está elegante, radiante e mais maravilhosa do que nunca. É de fato o centro cultural do país. A razão disso é por estar sediando a maior e a mais completa retrospectiva do artista único e ousado, o inventor de sua arte e divulgador extraordinário e divertido de suas próprias idéias: Alfred Hitchcock, o mestre do suspense. Não conheço todos os filmes dele, e isso não me tira o mérito de ser sua fã e admiradora incondicional. Ao todo são 59 filmes, 129 episódios de séries de tevê totalizando 8.954 minutos de suspense, além de cursos, debates e eventos para que os amantes do mestre se deliciem.

O maior elogio ao mestre é afirmar que seus filmes continuam tão intrigantes hoje quanto à época em que foram lançados. É o melhor presente dos últimos tempos aos cinéfilos que vivem nesta cidade. Uma pena que o festival ibero-americano de cinema e vídeo esteja acontecendo paralelamente neste mesmo período, isso quer dizer que, nem sempre dá para se assobiar e chupar cana. O cineSUL que está em sua 18ª edição e que este ano homenageia o Paraguai, exibe curtas e longas-metragens de ficção e documentário e produções diversificadas destes dois continentes relacionados ao mundo das artes em geral. Deu para matar a curiosidade e um tira-gosto.

Mas voltando ao meu querido Hitch, o público carioca terá a oportunidade de ver seus 54 longas e três curtas, mais os episódios produzidos para a tevê que o diretor comandou entre os anos 1950 e 1960, além de conferir aspectos menos conhecidos da obra desse consagrado artista. Consegui assistir a alguns dos seus primeiros longas da sua fase young, alguns dos episódios e um curta. Sem dúvida, incomparável ver suas obras preferivelmente em um telão.

Alguns trabalhos dele, literalmente, foram perdidos, como o média-metragem "The Mountain Eagle" (1926) e alguns curtas do início da carreira, por isso ficaram de fora da mostra, o que é uma lástima. Outras raridades dos filmes mudos tiveram  sessão especial com acompanhamento ao piano. Muito chique, não?!

Tive o privilégio de assistir ao "O Jardim dos Prazeres", o primeiro longa de Hitckcock,  como também ao fragmento de nove minutos de seu curta "Sempre conte à sua Esposa", única parte conservada do curta-metragem que ele co-dirigiu em 1923, sendo o trabalho mais antigo a ser exibido nessa mostra. Esse filme foi rodado na Inglaterra, mudo, em P&B, em 35mm, com duração de 20 minutos e guardados em dois  rolos dos quais restaram apenas 9 minutos  preservados, não sendo possível  restaurar a outra parte pelo fato de estar  bastante danificada.

Sempre Conte à Sua Esposa é a história de Jim Chesson um rapaz que se diz apaixonado pela sua mulher e sempre fiel, mas eis que no dia do seu aniversário acontece algo inesperado e ele passa por um grande sufoco, como se diz hoje em dia, uma tremenda saia justa: uma antiga paixão sua reaparece e ameaça contar tudo à sua esposa caso ele não a leve para jantar nessa noite especial. Atordoado, ele começa a planejar uma saída com a ajuda de um amigo, mas a sua esposa a essa altura do campeonato já descobriu parte da história: primeiro ela encontra fotos da ‘ex’ e ele não ‘sabe’ explicar quem é a dita cuja; ele guardava também cartas e outras lembranças mais da ‘finada’, por que será? Ele acaba dando a foto para o seu animal de estimação, um  papagaio linguarudo, e que em poucos minutos o bichinho faz um estrago comendo parte dela. A ex manda um telegrama convidando-o para esse dia de comemoração de mudança de idade, e quem recebe a correspondência é justamente a esposa enquanto ele está no trabalho. Jim comenta com um amigo essa sua pulada de cerca e infidelidade e ambos  elaboram uma estratégia para que sua esposa não descubra, mal sabendo ele que ela já está a par inclusive recebeu e abriu o telegrama e já contou para uma amiga que foi, por acaso, nesse dia visitá-la em sua casa.

Bem, o que acontece depois só mesmo com a ajuda de uma cartomante ou pondo a imaginação para funcionar porque o que é bom durou esses nove minutos mesmo. Que chato!

Concordo em gênero, número e grau: sempre conte à sua esposa que é a pessoa amada (ou deveria ser, não?) TUDO! Abra o coração e não esconda nada, afinal não é uma vida em comum? A outra metade da laranja com a qual dormimos e trocamos confidências e intimidades na qual nada deve ser escondido, e trancado, onde tudo deve vir à tona, compartilhar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, tudo. Portanto, não esconda nada. O segredo não é receita de bolo para uma vida feliz, muito menos a mentira que tem pernas curtas. Vive-se o admirável mundo novo, tempos de redes sociais do 'vale tudo' e tudo  é mostrado, despudoradamente,  o mundo e as carnes expostas como na vitrine de açougue, o big-brother agora pertence a todos, ao alcance de  um click; é a febre do mundo virtual, vive-se o boomm(da) vida privada, transbordando pelos esgotos e bueiros que constantemente explodem pelas ruas da cidade, vitimando, inclusive, pessoas inocentes, trazendo à tona os ratos, o mau cheiro,  os dejetos da podridão humana tudo compartilhado  e a tristeza e o desânimo para alguns.

Afinal como acabou essa história? I don,t know...Teve um final feliz? Maybe... Quem sabe alguém tenha tido a sorte de ter assistido a cópia completa e poderia aparecer por aqui e nos contar?
Karenina Rostov
*
Créditos:
Diretor: Hugh Croise e Alfred Hitchcock
Roteiro: Hugh Croise baseado na peça de Seymour Hicks
Produção: Seymour Hicks
Duração: 20 min , P&B, 35 mm
Distribuição: 1923
Sempre Conte à Sua Esposa (1923)

O curta-metragem mudo de 9 minutos é o primeiro filme de Hitchcock que sobreviveu ao tempo. Quer dizer, sobreviveu em parte: eram dois rolos; um desapareceu. E Hitchcock, na verdade, não foi creditado. Originalmente, ele havia sido contratado como assistente de direção, mas o produtor brigou com o diretor Hugh Laurie, e Hitchcock foi promovido de função. Remake de um filme de mesmo nome de 1914, o curta é apenas uma curiosidade histórica e, ao mesmo tempo, fundamental para a história do cinema.

"Um diretor tão excepcional não poderia ser tema de uma retrospectiva qualquer", Para quem gosta desse maravilhoso diretor como eu, ainda dá tempo. A mostra está no CCBB do Rio e acaba no dia 15/07. Prestigie!

domingo, 3 de julho de 2011

Curiosidades Cinematográficas (11)

A feiúra é superior à beleza, porque ela dura. Serge Gainsbourg

Ou seria Curiosidades Musicais?

Bem, a figura é de um ícone da música francesa e é um dos filmes cinebiográficos ganhador de vários prêmios, acabando de sair do forno.  Uma dica: teve um affair com a atriz Brigitte Bardot e  compôs para ela o hit 'Je t'aime... Moi Non Plus' e também  foi casado com Jane Birkin.

Difícil errar essa, não?

Um brinde para quem acertar.

Beijos e flores.

sábado, 2 de julho de 2011

metAMORfoseANDO...

A metamorfose de Gregor Samsa, Raul Seixas, você, eu,  todos nós.


O homem vive em eterna transformação desde o ventre da  mãe, passando pela infância, construindo vários tipos de  relacionamentos, gostando hoje de alguém e no dia seguinte nem mais se lembrando  do nome e da fisionomia da pessoa. Quando se está de bem com a vida, acha-se tudo belo e maravilhoso, e quando se está com cólicas ou dor de cabeça, odeia-se o mundo. Passa-se pela vida adulta, constrói-se família, e um belo dia nota-se o ninho se esvaziando,  cada um dos filhos partindo, seguindo seu rumo e fica-se novamente só, exatamente como se veio ao mundo. Único exemplar que pensa o que se pensa e ninguém pensará igual. Nem tudo se pode falar, mas o pensamento é infinito: pode-se imaginar as coisas mais obscuras ou mais amáveis que ninguém nunca ficará sabendo exceto o seu dono. Mesmo que se tente revelá-lo muita coisa jamais se falará, ou pela vergonha ou pela censura. Proibido pelo próprio pensamento e até se  abrir a boca coisas se perdem pelo caminho, mente-se, transforma-se,  enxuga-se o argumento por ene razões.

Metamorfose... a pele que um dia foi suave e com brilho, macia e delicada, perderá  a beleza e a firmeza com o passar do tempo. O rei Salomão um dia disse que viemos do pó e ao pó retornaremos. Abre-se aqui um leque de discussões acerca do assunto metamorfose, de que ela é o livre-arbítrio, por exemplo, a eterna transformação é escolha pessoal; já o pó que volta a ser pó seria o destino, a vida toda já vem definida, nada a acrescentar, um pacote pronto, sem manual; é abrir e usar.

Kafka o profeta da ficção; Gregor Samsa existe em cada um, o homem vive em eterna trasnformação. A poesia de Raul Seixas tem um fundo de verdade... "Eu prefiro ser / Essa metamorfose ambulante".  O tempo não torna ninguém mais sábio por causa dos cabelos brancos... a sabedoria pode sofrer metamorfose se não vier acompanhada de inteligência e bom senso, então... perde-se tudo no meio do caminho, dependendo do caso pode emburrecer...

Às vezes não nós reconhecemos mais diante do espelho e da sociedade. Tantas são as transformações que dependendo do caso passamos despercebidos pela vida, ou,  a pessoa amada nem nota o novo corte de cabelo, ou percebe as rugas no canto dos olhos; a mãe nota que o cabelo está ficando ralo, a balança diz que se está acima do peso. Os amigos notam que já não se atrai como antes;  muda-se o lado de dormir na cama, muda-se hábitos alimentares, muda-se a cor preferida, de time, de casa, os gostos pessoais para filmes, para a música, de praia, de família,  de emprego, de opinião... a metamorfose parece estar presente em tudo.

Esse assunto vai longe...

E a metamorfose continua em nossas vidas e mentes... o que eu pensava ontem de você, hoje eu não penso mais... A transformação não é opção, pode ser escolha, por isso deve-se pensar com cuidado para sempre fazer a mais acertada e que nos faça feliz.

Agora, que tal mudar de assunto?

Eunice Bernal

*****

Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.

Que me aconteceu? — pensou. Não era nenhum sonho. O quarto, um vulgar quarto humano, apenas bastante acanhado, ali estava, como de costume, entre as quatro paredes que lhe eram familiares. Por cima da mesa, onde estava deitado, desembrulhada e em completa desordem, uma série de amostras de roupas; Samsa era caixeiro-viajante, estava pendurada a fotografia que recentemente recortara de uma revista ilustrada e colocara numa bonita moldura dourada. Mostrava uma senhora, de chapéu e estola de peles, rigidamente sentada, a estender ao espectador um enorme regalo de peles, onde o antebraço sumia!

Gregório desviou então a vista para a janela e deu com o céu nublado — ouviam-se os pingos de chuva a baterem na calha da janela e isso o fez sentir-se bastante melancólico. Não seria melhor dormir um pouco e esquecer todo este delírio? — cogitou. Mas era impossível, estava habituado a dormir para o lado direito e, na presente situação, não podia virar-se. Por mais que se esforçasse por inclinar o corpo para a direita, tornava sempre a rebolar, ficando de costas. Tentou, pelo menos, cem vezes, fechando os olhos, para evitar ver as pernas a debaterem-se, e só desistiu quando começou a sentir no flanco uma ligeira dor entorpecida que nunca antes experimentara.

Oh, meu Deus, pensou, que trabalho tão cansativo escolhi! Viajar, dia sim, dia não. É um trabalho muito mais irritante do que o trabalho do escritório propriamente dito, e ainda por cima há também o desconforto de andar sempre a viajar, preocupado com as ligações dos trens, com a cama e com as refeições irregulares, com conhecimentos casuais, que são sempre novos e nunca se tornam amigos íntimos.

Diabos levem tudo isto! Sentiu uma leve comichão na barriga; arrastou-se lentamente sobre as costas, mais para cima na cama, de modo a conseguir mexer mais facilmente a cabeça, identificou o local da comichão, que estava rodeado de uma série de pequenas manchas brancas cuja natureza não compreendeu no momento, e fez menção de tocar lá com uma perna, mas imediatamente a retirou, pois, ao seu contato, sentiu-se percorrido por um arrepio gelado.

Voltou a deixar-se escorregar para a posição inicial. Isto de levantar cedo, pensou, deixa a pessoa estúpida. Um homem necessita de sono. Há outros comerciantes que vivem como mulheres de harém. Por exemplo, quando volto para o hotel, de manhã, para tomar nota das encomendas que tenho, esses se limitam a sentar-se à mesa para o café da manhã. Eu que tentasse sequer fazer isso com o meu patrão: seria logo despedido. De qualquer maneira, era capaz de ser bom para mim — quem sabe? Se não tivesse de me agüentar, por causa dos meus pais, há muito tempo que me teria despedido; iria ter com o patrão e lhe falar exatamente o que penso dele. Havia de deitar-me em cima da mesa do escritório! Também é um hábito esquisito, esse de se sentar à mesa em plano elevado e falar para baixo para os empregados, tanto mais que eles têm de aproximar-se bastante, porque o patrão é ruim de ouvido. Bem, ainda há uma esperança; depois de ter economizado o suficiente para pagar o que os meus pais lhe devem — o que deve levar outros cinco ou seis anos —, faço-o, com certeza. Nessa altura, vou me libertar completamente. Mas, para agora, o melhor é me levantar, porque o meu trem parte às 5.

Olhou para o despertador, que fazia tique-taque na cômoda. Pai do Céu! – pensou. Eram 6 e meia e os ponteiros moviam- se em silêncio, até passava da meia hora, era quase um quarto para as 7. O despertador não teria tocado? Da cama, via-se que estava corretamente regulado para as 4; claro que devia ter tocado. Sim, mas seria possível dormir sossegadamente no meio daquele barulho que trespassava os ouvidos? Bem, ele não tinha dormido sossegadamente; no entanto, aparentemente, se assim era, ainda devia ter sentido mais o barulho. Mas que faria agora? O próximo trem saía às 7; para o apanhar tinha de correr como um doido, as amostras ainda não estavam embrulhadas e ele próprio não se sentia particularmente fresco e ativo. E, mesmo que apanhasse o trem, não conseguiria evitar uma reprimenda do chefe, visto que o porteiro da firma havia de ter esperado o trem das 5 e há muito teria comunicado a sua ausência. O porteiro era um instrumento do patrão, invertebrado e idiota. Bem, suponhamos que dizia que estava doente? Mas isso seria muito desagradável e pareceria suspeito, porque, durante cinco anos de emprego, nunca tinha estado doente. O próprio patrão certamente iria lá à casa com o médico da Previdência, repreenderia os pais pela preguiça do filho e poria de parte todas as desculpas, recorrendo ao médico da Previdência, que, evidentemente, considerava toda a humanidade um bando de falsos doentes perfeitamente saudáveis. E enganaria assim tanto desta vez? Efetivamente, Gregório sentia-se bastante bem, à parte uma sonolência que era perfeitamente supérflua depois de um tão longo sono, e sentia-se mesmo esfomeado. (...)

O escritor Franz Kafka, de nacionalidade alemã, nasceu na Tcheco-Eslováquia em 1883. A Metamorfose é sua obra mais conhecida, com a ação do personagem desenrolando-se em clima fantástico e angustiante, a ponto de o nome do autor ter sofrido declinações, como a expressão “kafkiano”, para qualificar situações obscuras e de sofrimento monumental. Kafka morreu na Alemanha em 1924.

Trecho de A Metamorfose, de Franz Kafka.

Metamorfose Ambulante
Raul Seixas

Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

Eu vou lhe desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
*