domingo, 29 de novembro de 2009

Zelig


ZELIG

“A existência humana precede sua essência.” Jean-Paul Sartre

“Eu queria ser qualquer outra pessoa.” Woody Allen

A elegância, o charme, o carisma, a criatividade, o humor, são marcas registradas do artista Woody Allen.

Zelig é um dos filmes que ainda não havia assistido desse genial diretor, e depois da sessão senti-me premiada pois é uma obra-prima incontestável.


Woody Allen criou o personagem Leonard Zelig fora dos padrões, digamos, normais. Zelig é imprevisível, podendo aparecer em qualquer canto do mundo que quiser, tomando formas ou características humanas a seu bel prazer, transformando-se em chinês, índio, magro, gordo, negro, branco, pobre, rico... só não tomou forma feminina; e sob várias personalidades psicológicas. É um personagem-camaleão com essa habilidade de mudar de características mentais e físicas de acordo com o seu interlocutor.


Zelig foi realizado na década de 80, e é um dos 40 filmes de Woody Allen, um dos diretores mais ativos da atualidade, produzindo um filme por ano. Os cariocas foram contemplados pelo Centro Cultural Banco do Brasil com a retrospectiva completa desse ícone da sétima arte. De fato, alguns filmes são difíceis de se encontrar, até mesmo os dessa mostra, algumas preciosidades em película, uma das cópias que conseguiram na Espanha, infelizmente a alfândega não liberou a tempo, e tiveram que passar a em DVD para que o expectador não perdesse a viagem, óbvio.

Leonard ZELIG é um pseudo-documentário nada convencional que hora transita pelo mundo real, hora pelo ficcional, e é isso que torna a obra brilhante e especial. O próprio Woody Allen faz o papel-título  supracitado homem-camaleão, capaz de aparentar e agir como qualquer pessoa que estivesse por perto. Capaz de adquirir características físicas e comportamentais, idem. Zelig tira qualquer um literalmente do sério.



Cheguei à conclusão que somos um pouco Zelig, tanto no mundo real como no virtual. No mundo real, certamente adquirimos características comportamentais de acordo com o ambiente. Apesar de achar que o ambiente não influi no nosso modo de agir, mas nós é que influímos nele, pode acontecer o inverso, ou seja, agirmos de acordo com o ambiente que nos cerca, e somente naquele momento, depois voltamos pacato para a nossa rotina. Entenda-se que isso não é regra. Um fato interessante para ilustrar essa história de comportamento e que virou caso de polícia recentemente nos noticiários, são de pessoas se passando por profissionais da saúde (dando consulta, medicando): vide alguns pseudo-médicos e pseudo-advogados saindo algemados de seus respectivos “consultórios”.

No mundo virtual isso é mais freqüente de se constatar. Atrás de uma tela de um PC, o interlocutor anônimo pode tomar a forma que quiser, poder ir muito além de Zelig, transportando-se de uma anatomia física e mental masculina para uma feminina. Duvida? No mundo virtual quase nada é impossível.

Somos talvez uma ilha cercados de ZeligES por todos os lados.

Ele é a tentativa de construir a própria identidade a partir do outro e das relações sociais e o contexto em que está inserido. O modo de agir ou de se relacionar em cada espaço social podendo ser o familiar, na escola, trabalho, igreja, nem sempre é igual. Alunos agem de uma forma na escola e outra em casa, por exemplo... tornou-se algo corriqueiro no meio cultural. Também noticiário rotineiro, o quebra-quebra e o vandalismo nas escolas e ruas e a "santidade" em casa.

Há pessoas que mudam radicalmente de personalidade, preferências, gostos constantemente é fato. Constroem sua identidade ao longo da vida ou da noite pro dia.

Zelig conseguia essa façanha. Poderia ser quem bem quisesse e quando bem entendesse. Era o objeto de estudo de muitos. Até que apareceu uma psiquiatra, a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow) que tentou “estudá-lo” e curá-lo, e assim resolveria seu próprio problema de auto-estima. Ao lado da médica, ele também se torna um psiquiatra. Mesmo assim, ele aceita ser objeto de estudo e tratamento dela. E em uma das sessões Zelig, sob hipnose, consegue-se algum início de tratamento. Ele diz que se sente mais seguro pegando formas emprestadas daqueles que encontra. Diz também que a ama que gostaria de dormir com ela e que ela é adorável. Acaba saindo verdades que talvez ela não quisesse ouvir; algo do gênero “Você cozinha mal; as suas panquecas são ruins, quando você não está olhando, eu as jogo fora”. A psiquiatra consegue desvendar o mistério aos poucos. Em uns dos diálogos isso fica evidente que ele adota esse mecanismo que lhe permite mudar de forma para se fundir com o seu ambiente imediato, a fim de se proteger, uma autodefesa do mundo que o circunda. Formidável!


Dra. Fletcher: “ O que você entende por seguro?”
Zelig: “É mais seguro ser como os outros.”
Dra. Fletcher: “ Você quer estar em segurança?”
Zelig: “Eu quero ser amado.”

A história acontece entre os anos 20 – 30, e ele é considerado um herói. Todos querem conhecê-lo e saber a sua história. É um filme grandioso, considerado excepcional pela crítica. Tem apenas 79 minutos de duração. Filme obrigatoriamente indispensável. 
Karenina Rostov

*****
Como documentário, há presença de um narrador tipo cobertura jornalística completa a cada passo dado pelo personagem.

Zelig recebeu as melhores críticas no ano de lançamento e ganhou o Prêmio Pasinetti no Festival de Veneza.

“ Woody Allen harmonizou todos os seus talentos e fez um filme que finalmente merece a honra dos enciclopedistas e a condição de obra-prima.” Leon Cakoff, Folha de São Paulo, 1984.

SINOPSE

A história (fictícia) de um homem camaleão, Leonard Zelig, inseguro e neurótico, que se obriga a imitar física e mentalmente qualquer pessoa que esteja em sua companhia. Tenta um tratamento com a Dra. Eudora Fletcher, mas vira celebridade nacional e aparecem manchas do seu passado, como furto e bigamia.

FICHA DO FILME

Título original: Zelig
Diretor: Woody Allen
Elenco: Mia Farrow, Woody Allen, Susan Sontag, Saul Bellow, Irving Howe, Garrett Brown, Michael Jeter
Gênero: Comédia
Duração: 79 min
Ano: 1983

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pra ficar com o Cooper Feito!

Extra, Extra!

Descobri o que os colegas de trabalho fazem quando não estão em sala de aula.
Representando a Unidade Escolar, claro!

Nesta reportagem do Jornal Extra aparecem três deles, mais um aluno. Gostei de ver. Estou na torcida, hein, pessoal! Luciana, Jonas, Bruno e Jonathan, Parabéns!

Projeto  AR!  

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Publicidade


Foto: E.B.

Sapato R$ 350,00 no cartão. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA. Ah, disso eu já sabia! Ela é um estado de espírito.



BOnitinhO, mas OrdináriO!

Novo Orkut




Você ainda vai ter um!


Chegou convite e eu respondi:

- Obrigada, já jantei! Rs...

Brincadeira, gente! Eu é que sou meio conservadora. Vou resistir enquanto der. Até meados de 2010, todos deverão trocar por esse modelito novo. Saiba mais.

http://www.youtube.com/watch?v=gxoNxHxYabk&feature=player_embedded

terça-feira, 24 de novembro de 2009

piCHações


Foto: E.B.

A pichação é uma herança de nossos antepassados. O ser primitivo já se comunicava através de pinturas rupestres. Em algumas cidades brasileiras ela se sobressai tornando-se praticamente como modelo de um sistema social que não deve ser seguido, e  que polui visualmente muros, fachadas e museus a céu aberto. Polêmica à parte (arte ou vandalismo?) fiz questão de registrar uma que, de certo modo, teve uma razão para ser feita. Pano para manga.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Perereca Pantaneira - Animais de Estimação II


A minha perereca é pantaneira. E por incrível que pareça ela renega a própria classe. Só gosta de brincar com cobras.  @-->--

Os Amantes do Filme POLAR

É um gênero que o cinema francês contribuiu a consolidar, com produções de estilo bastante variado, ao longo dos anos com esse nome específico de POLAR.

O Declínio dos Homens (1994) - de Jacques Audiard e Um Dia após o Outro (2003) - de Sam Karmann são filmes ditos 'Polar'.


Rótulos! Sempre rótulos. Entretanto, não podemos viver sem eles.

Classes de Palavras

Mulher Jovem.

 Mulher = Subst. Jovem = Adj. O professor Castelar tinha razão: Os adjetivos vão embora primeiro.

Sala de aula limpa. Daqui a pouco não estará mais.

Os Adjetivos Passam ... Ficam os Substantivos...

O meu Avô materno é um sábio. Quando alguém quer zombar de sua velhice, ele simplesmente responde:

- Se você tiver sorte, chegará um dia à minha idade.

A minha mãe também é uma pessoa sábia. Ela sempre diz:

- Cada idade, o seu encanto.

Se Deus me der  oportunidade de viver tanto quanto o meu avô, gostaria de me parecer com ele nesse aspecto OTIMISTA.

Sou professora. Uma professora velha. E, apesar de achar horóscopo uma tremenda baboseira, ouvi dizer que o aquariano já nasce com cem anos nas costas. Sou, portanto, uma anciã. Agora, aos preconceituosos, que se acham gatinhas ou gatinhos, quando a tenra idade chegar, poderão se livrar das rugas, escolhendo a cirurgia plástica, por exemplo, mas saiba de antemão que ela não se aplica à alma mesquinha e enrugada, tampouco ao cérebro.  Talvez um dia... quem sabe?

20 de novembro - Dia Consciência Negra e outros PRÉ - Conceitos mais....

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Projeto em Andamento




IX CONCURSO DE POESIA

COM QUE ROUPA, EU VOU? Eis duas das possíveis estampas para a  nossa camiseta do concurso.

Professores Organizadores:
Eunice Bernal,
Sidiney R. Rocha,
Cristiane Amaral Souza

Queridos leitores,

Desculpem a demora em divulgar a IX Edição do nosso Concurso de Poesia, mas o ano ainda não acabou. Vamos lá torcer em meados de dezembro. Eu já elegi a poesia vencedora. Brincadeira, eu não voto. Há uma comissão julgadora, mas isso não me impede de ter uma preferida, não é mesmo? Ei-la:

24 – AOS ALUNOS


Eu sou aquela aluna
Aquela a quem
Os professores
Muito ensinaram
Ensinaram a amar os livros
Ensinaram a ler
E a escrever
Ensinaram-me também
Não desistir de querer aprender.


A acreditar que somos capazes
De superar os estudos
Como: Ciências. Matemática e as outras...

Acreditar na minha inteligência
Que vai se misturando ao Amor
Em uma ciranda com a paz
A qual vai rodando
E nossa ciranda também faz parte
A busca de cada dia mais
aprendizado.

A superação das barreiras
Dos erros que podemos cometer
Mas sempre acreditando
Na capacidade que todo ser humano tem
De transformar as barreiras em degraus.
E em cada pedra que me lançarem
Acabarei de construir o meu palácio.

Aprendi com meus professores
Que mais vale estudar
Do que colar ou copiar.
Antes recapitular
Do que marcar a resposta errada.


CAMYLLA – TURMA 802

Parabéns, querida aluna, seu texto é cool! De cem poetas inscritos, ficou difícil escolher apenas um, mas para mim, só pela coragem de participar já é um prêmio.

A propósito, o aluno Bruno, apareceu por aqui, encontrou o comentário sobre ele em PROFISSÃO DE FÉ, e postou um comentário lá.  Meu alunos têm a capacidade de me DESARMAR...
Eunice Bernal

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fênix

Foto de E.B.
Pelas minhas andanças, encontrei isto: um broto despertando de um miserável pedaço de tronco para tornar-se mais belo. Mesmo esse tronco estando todo bichado, foi capaz de hospedá-lo em um pequeno espaço e dividindo o seu pouco alimento, somando forças, dizendo que sempre cabe mais um.

A Natureza é solidária: ela tudo nos dá sem nada pedir em troca. Com ela não se brinca. E é capaz de coisas que não imagina nossa vã filosofia. Admiro o seu poder.  Fico impressionada com a sua capacidade de se renovar. É uma lição de moral ao homem que a maltrata sem dó nem piedade; que destroi e a  massacra por puro orgulho e egoísmo. Tsc, tsc... vaidade humana!

Imponentemente, ela vai mostrando o seu vigor, a sua cor viva, um vermelho da paixão escarlate....

A natureza não é covarde. Não nega a sua própria natureza, nada teme e nada tem a esconder. Enfrenta o mundo pelo seu ideal...

O homem tem muito que aprender com a natureza. E será que ele quer?
E.B.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Asa 100 - Ainda Uso e Abuso!











Eis algumas das minhas fotos pelas minhas andanças por aí,  nessa sensibilidade - Asa 100. Sou meio conservadora para certas coisas. A máquina de escrever Olivetti é testemunha.

Para quem não sabe ou nunca ouviu falar, a principal característica de um filme, é a sua sensibilidade à luz, ou seja, a velocidade, que é indicada através do ISO (International Standarts Organization) ou ASA (American Standarts Association), que está claramente na embalagem.

As ASA 50 a 100 fica extremamente nítido, mas para obtê-lo precisa-se muita luz (exemplo: cena na praia em um dia com sol, sem nuvens). Mas se poderá mandar fazer uma ampliação bastante grande sem perder a nitidez.. heheheh como eu tenho uma Samsung Digimax 300 3.2 já percebi que o ISO máximo dela e por ai pois as fotos a noite sem mta claridade ficam uma nhaca.

Já as ASA 800 permite fotografar um show noturno sem utilização de flash, obtendo efeitos mais naturais e agradáveis que se você utiliza-se um flash.

Eis uma rápida explicação:

Esse ISO/ASA, se refere à quantidade de luz que um filme precisa para dar fotos bem expostas a velocidades de disparo razoáveis.

ISO/ASA do filme + sensível à luz

ISO/ASA do filme - sensível à luz

Filmes Lentos – Filmes de baixa sensibilidade ou lentos ASA 12 a 100:

- precisam de uma boa quantidade de luz

- ideais para condições claras de iluminação (dias ensolarados).

- saturação excelente de cor, contraste suave e uma nitidez na imagem.

- Mesmo em situações claras, a velocidade de disparo poderá ser mais lenta, e as aberturas grandes demais, nesse caso o uso do tripé é essencial.

Filmes Médios – para condições medianas de luz ASA 100 a 400.

- usados com maior freqüência, porque combinam ótima qualidade da imagem com velocidade de disparo boa.

- indicados para a maior parte das situações, desde fotos do dia-a-dia, até fotos de paisagem e estúdio.

- As emulsões modernas melhoraram tanto, que um filme de ASA400 dá ótimos resultado.

Filmes Rápidos – Filmes mais sensíveis à luz ASA 400 a 3200

- ideais para condições pobres de iluminação

- saturação da cores é boa

- a velocidade rápida permite que mesmo nessas condições de luz, as fotos sejam batidas sem tripé.

- ideais para dias nublados, ambientes internos, shows, teatros.

- Quanto maior a ampliação, menos nitidez na imagem.

Lembre: Quanto maior o índice ASA, menor a luz que você precisa, maior a velocidade que você poderá usar mas menor a resolução da foto.

Não entendia muito de Perspectiva, sou muito relaxada e sem paciência para muitas coisas, daí fui fazer um curso no Arquivo Geral do Rio de Janeiro com o fotógrafo de lá, Marco Belandi para tentar aprender e epreender. Não me esqueço da pergunta na primeira aula:

 - Onde você guarda seus filmes?
E eu respondi:

- No armário, lógico!

E ele:

- Errado! Deve-se guardar dentro da geladeira.

Eu nunca respeitei essa regra. Nem as regras me respeitam, mas isso é assunto pra outra conversa fiada.

sábado, 14 de novembro de 2009

Animais de Estimação...






... e seus estranhos donos.

Fred, (o porquinho) é pantaneiro. Ele adotou Ricardo Bernal, o primeiro bebê da vovó, filho da minha irmã mais velha, como seu único e legítimo dono.

Não pude deixar de registrar esse momento insólito. A foto deve ter uns 20 anos. E não me perguntem qual era o meu animal de estimação lá no meio do mato que ninguém acreditaria.

Sabia que são os animais que nos escolhem e não nós a eles? Não escolhemos de quem gostamos... simplesmente acontece.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pegando Carona






Sidiney é muito mais que colega de trabalho. Presente na vida da gente em todos os momentos. Um amigo, digamos, 'multifuncional', um 'handyman'. Não sei onde ele consegue tempo para fazer tanta coisa. Professor de Educação Artistica, funcionário da UERJ, e além disso, algumas Escolas de Samba  do Rio que ele assessora durante o ano.

Às vezes a máquina humana começa a apresentar falhas. E Sidiney teve que se ausentar por alguns dias da Escola para resolver essa questão. Senti a sua falta, mas nem tanto, pois a sua ausencia é muito bem  preenchida pelos diversos trabalhos devesenvolvidos com as turmas e que estão espalhados pelos cantos da Unidade.

E por mais simples que possa parecer as atividades que ele desenvolve com seus alunos, sinto-me orgulhosa dele, pois só de conseguir tal façanha de tirar coisas boas, de fazer com que o aluno desenvolva o seu lado artístico que muitas vezes ele não sabe que possui, já é um mérito compensado, e todos saem ganhando, pois é um aprendizado para toda vida. Precisa da colaboração e intuição daquele que ensina. E o professor Sidiney sabe exatamente o que fazer e como fazer para conseguir isso.

Companheiro de muitos bons ou difíceis momentos, receba o carinho especial que te dedico.
K. R.

domingo, 8 de novembro de 2009

Kill Bill - Don' t Let Me Be Misunderstood



Eu duvidava da genialidade de Quentin Tarantino, até que, finalmente ele me brindou com uma das cenas mais formidáveis da história do cinema. É a da luta na neve em -  Kill Bill - Vol. 1 - ao som Understood Mix - de Santa Esmeralda.
Dança com Lobas... Ficou show! Amei!!!



http://www.youtube.com/watch?v=KMbk6apcO0M

sábado, 7 de novembro de 2009

O Cinema Nacional Agradece


Anselmo Duarte,

Se você teve que partir é porque a sua missão aqui na Terra já foi cumprida. Boa passagem.

*****

“Anselmo Duarte Bento começou no cinema aos 10 anos de idade como molhador de tela, que era a pessoa que, no tempo do cinema mudo, jogava água nos rolos de filmes atrás das telas para evitar incêndio em conseqüência da localização e do alto aquecimento dos projetores. Na infância, ele queria ser projecionista, como o irmão Alfredo. Essa experiência foi usada em um dos filmes de Duarte, "O Crime do Zé Bigorna", ambientado em 1928. Nele, enquanto Charles Chaplin aparecia nas telas, Lima Duarte e Stênio Garcia a molhavam.


Seu primeiro trabalho como ator foi no filme inacabado de Orson Welles "It's all true" (1942). Duarte foi um galã do cinema brasileiro nos anos 1940 e 50, estrelando obras na Cinédia, na Atlântida e na Vera Cruz. Seu primeiro trabalho como diretor, "Absolutamente Certo" (1957), era uma comédia, como aquelas que lhe deram fama como ator.

Em 1962, lançou "O Pagador de Promessas", o único filme brasileiro a receber o maior prêmio mundial do cinema, a Palma de Ouro no Festival de Cannes. No Festival Anselmo venceu consagrados cineastas como Luis Buñuel ("O anjo exterminador"), Michelangelo Antonioni ("O eclipse") e Robert Bresson ("O julgamento de Joana d'Arc").

Como ator, um de seus filmes preferidos é "Sinhá Moça" (1953), de Tom Payne. No filme Anselmo contracena com Eliane Lopes numa história que se passa no século 19. Uma jovem se apaixona por um advogado e vive um grande drama de amor numa época em que as idéias abolicionistas ganhavam força e eram violentamente combatidas. O filme, uma produção da Vera Cruz, ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Veneza.”


Fonte: Jornal do Brasil

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

As Cartas Ridículas de Todos Nós


Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,

Ridículas. As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas. A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos

Os versos acima, escritos com o heterônimo de Álvaro de Campos, foram extraídos do livro "Fernando Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 399.
*****

Quem nunca escreveu uma carta de amor que atire a primeira pedra. Todos somos um pouco ridículos por causa dessa pieguice. Alguns não se contentando em escrevê-las, ainda dão um banho de perfume. E as cartas de amor ficam ridículas ao quadrado.

Cartas de amor nada mais são que expressões de sentimentos, o querer mais que bem querer... e quando tudo acaba, vem a dor, a tristeza a solidão...

O vazio ocupa o espaço que um dia pertenceu ao amor. E tudo o que foi escrito e dito um dia nas cartas de amor relembrando depois é simplesmente ridículo. Amor é muito mais que magia. Amar é ser ridículo. Sou uma ridícula assumida.
Karenina Rostov

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Balada do Soldado

A Balada do Soldado - (Ballada o soldate, União Soviética, 1959)

O termo balada durante a Idade Média era usado para descrever um tipo de poema lírico de origem coreográfica, inicialmente cantado e mais tarde destinado apenas à declamação. A partir do século XIV, poema de forma fixa, composto por três estrofes seguida de uma meia estrofe de encerramento. Desde o final do século XVIII, pequeno poema narrativo, composto por estrofe que relatam, quase sempre de uma maneira fantástica uma tradição histórica ou uma lenda. Na Alemanha Bürger, Goethe, Schiller e Uhiand foram os mestres do gênero, enquanto na Itália, L. Carer, G. Prati, Carducci a empregaram para abordar temas patrióticos. Explicação básica para que se possa entender a narrativa do filme A Balada do Soldado, e uma vaga lembrança de uma obra musical em movimento. São dois pra lá, dois pra cá.

A Balada do Soldado é um filme soviético dirigido pelo diretor ucraniano Grigori Chukhraj, com qualidades narrativas líricas e dramáticas, suavemente remetendo ao poema denominado balada, contando feitos patrióticos. Alyosha um jovem soldado que é recrutado para combater no front durante a Segunda Guerra Mundial. Seu parceiro morre, e sendo caçado por quatro tanques nazistas, consegue destruir dois na mais pura sorte. Ele recebe uma condecoração, mas a troca por uma semana de licença para visitar sua mãe e consertar seu telhado. Só que o caminho de volta é longo e, sem um meio de transporte definido, ele vai de comboio em comboio, vendo as diversas facetas da sociedade e as mazelas da guerra.


Alyosha é um herói de nosso tempo. Capaz de representar simbolicamente toda e qualquer sociedade mundial, através de seus atos de bravura, patriotismo e todos os seus outros feitos são notáveis representando através de coragem, generosidade e solidariedade.

O filme começa e termina com o retrato da “mãe coragem” despedindo-se, com lágrimas, do destemido filho que tanto ama e se orgulha.


Quem gosta de despedida? Ela certamente que não, já que lhe lembra algo familiar, ou melhor, que o seu esposo também fora à guerra e não retornou.

A valentia de Alyosha é infinita. Sozinho no campo de batalha enfrenta tanques, armas, inimigos; contudo, tem seu reconhecimento merecido pelo seu Superior que o condecora pelo seu feito heróico. E o jovem soldado o enfrenta com palavras destemidas pedindo-lhe que trocasse o prêmio por uns dias para ir visitar a sua mãe e poder consertar o telhado de sua casa. Era o seu dia de sorte! Claro que conseguiu uns sete dias: quatro para ir e voltar e três para ficar na companhia dela. E a balada do jovem soldado pacifista apenas se inicia.

Pacifista sim, pelo seu gesto de bondade em primeiro lugar. Perdeu o trem porque ficou tomando conta da bagagem de alguém que foi telefonar. Consolar a pessoa dispensada da guerra porque se tornou um inútil e já não tem mais serventia; talvez achasse que perdeu a dignidade e temia a  rejeição da própria família. Encorajá-lo não foi tarefa difícil para o generoso soldado. Atitudes nobres e sinceras encerram cada ponto de virada da narrativa.

Há males que vêm para o bem. Perdeu-se tempo precioso durante toda a viagem de ida por justas causas.

Perdas e ganhos. O bravo soldado encontrou o Amor. Durante a sua viagem encontrou Shura, uma linda jovem que, por receio do ainda desconhecido, lhe mentiu que estava viajando para se encontrar com o noivo. A viagem parecia não ter fim. Tantos acontecimentos inesperados vão somando na aventura agora do casal que aos poucos começa a se entender.


O soldado Alyosha prometeu visitar a esposa de um amigo e levar um presente. Em uma das paradas do comboio, não deixa de cumprir a tal missão. Conhece a mulher do colega numa hora, digamos, imprópria, pegando-a em um momento que não esperava receber visitas, principalmente vindo da parte do marido que estava na guerra, ela, pois, estava em outra visita íntima. Mesa feita, cama desfeita...

Interessante a atitude do bravo, destemido e solidário herói nessa situação que se vê pego numa saia justa. O que deve ser pior em tempos de guerra? Talvez o crime maior ainda seja a traição. Trair a confiança de alguém ainda é a pior forma de matar. Armas em punho para se defender ou se morrer é justo. Pior que a dor física deve ser mesmo a espiritual. O soldado já sabia disso.

O adultério e a infidelidade são atos (in)questionáveis e / ou  (im)perdoáveis?

Pela atitude do jovem soldado conclui-se que é um crime que ele não perdoaria. Ele chega a entregar o presente do colega à esposa. Mas já na rua, decide voltar para a casa dela e pegar de volta. A mulher entende esse ato e pede-lhe que não comente o fato com o marido. Alyosha acaba dando esse presente para outra pessoa parente de alguém que está na guerra. Às vezes é necessário mentir.

Shura e Alyosha se despedem. Cada um segue o seu caminho.

E quando ele chega na aldeia para encontrar a sua querida mãe, já é hora de voltar. Ela tem intuição e certeza que seria a última vez que veria seu amado filho. O dever o chama. Ele tem consciência de sua responsabilidade de que no momento é consertar muitos outros telhados em piores estados para salvar a pátria do desabamento.

Um filme  que cumpriu muito bem o seu papel.
Karenina Rostov

Direção: Grigori Chukhraj

Roteiro: Grigori Chukhrai, Valentin Ezhov
Gênero: Drama/Guerra/Romance
Origem: União Soviética
Duração: 89 minutos
Tipo: Longa-metragem
Tipo: Longa-metragem / P&B

Elenco:
Vladimir Ivashov
V. Markova
Yevgeni Teterin
Aleksandr Kuznetsov
Elza Lezhdey
Yevgeni Urbansky
Nikolai Kryuchkov
Nikolai Kryuchkov
Antonina Maksimova
Zhanna Prokhorenko
Vladimir Pokrovsky

Sinopse

Em plena Segunda Guerra, um soldado, depois de ter destruído heroicamente dois tanques inimigos, consegue uma licença para retornar à sua terra para reencontrar a mãe. Mas a viagem, basicamente de trem, passando por várias aventuras, inclui o encontro com uma jovem por quem se apaixona.